De Maurício Mellone em março 18, 2013
Wagner Moura vive pai que sai pelas estradas do Brasil em busca do filho, que fugiu de casa depois de presenciar brigas dos pais
Road movie — gênero muito bem realizado em Hollywood em que o enredo se desenvolve pelas estradas — aos poucos vem sendo incorporado ao repertório do cinema brasileiro. A Busca, do diretor Luciano Moura que acaba de estrear, é um exemplo bem-sucedido do uso desta técnica narrativa.
O casal Theo e Branca, interpretado pelos atores Wagner Moura e Mariana Lima, vive uma crise conjugal e o filho deles, Pedro vivido por Brás Moreau Antunes, resolve fugir de casa exatamente no final de semana que completaria 15 anos. Este é o mote do roteiro, assinado pelo diretor em parceria com Elena Soarez, para que o pai, um médico bem-sucedido, abandone tudo o que está fazendo em São Paulo e parta pelas estradas do Brasil em busca do filho desaparecido. Mais do que recolher pistas deixadas pelo garoto durante a viagem, Theo faz uma viagem para dentro de si mesmo e tenta resgatar os laços afetivos com o seu próprio pai, interpretado por Lima Duarte.
A Busca fisga o espectador desde a primeira cena: Theo chega em casa e, depois de tocar a campainha várias vezes, entra começa a andar pelos cômodos; ao ouvir barulho, Branca pensa que é o filho que chegou e se surpreende ao dar de cara com Theo. Depois de um desconforto entre eles, Pedro chega e o tom da discussão se eleva. Aos poucos percebe-se que aquela família passa por uma crise aguda.
Theo (Wagner) e Branca (Mariana Lima) estão em crise conjugal, mas se unem para descobrir o paradeiro do filho
E a tensão não diminui, tanto que em seguida o garoto arruma suas coisas e sai, dizendo que passaria o final de semana com um amigo. Mesmo em crise e na iminência do divórcio, os pais resolvem fazer um jantar para comemorar os 15 anos do filho. Tudo preparado, eles descobrem que Pedro mentiu e fugiu de casa. O desespero toma conta do casal, mas Theo resolve ir à procura do menino. Sai pelas estradas recolhendo pequenas pistas deixadas pelo filho; primeiro sabe que ele vendeu o computador e comprou um cavalo preto. Depois consegue descobrir que Pedro vai em direção ao Espírito Santo ou Bahia e durante este trajeto dá carona a uns garotos que se dirigem a um festival de música. Em cada parada, Theo vive experiências que provocam profunda reflexão interior: por meio de um dos telefonemas que troca com Branca, Theo descobre que o filho há tempos se corresponde com o avô, que vive no Espírito Santo. A tumultuada relação que mantém com Pedro faz com que Theo repense sua traumática ligação com o pai — Lima Duarte tem uma pequena mais decisiva e brilhante participação no filme, na pele de Sal, pai de Theo.
Não há como não se envolver na trama de A Busca , já que relação familiar toca e emociona a todos. No entanto, o que me sensibilizou no filme foi a viagem interior do personagem: só, na estrada, o médico, à medida em que colhe pistas da passagem do filho, vai tomando consciência do talento artístico do garoto (que desenha com perfeição) e percebe suas limitações e erros cometidos na relação com Pedro. Este olhar para dentro de si o remete para a condição de filho e para a dificuldade de se relacionar com Sal, um artesão que vive só e se identifica com o neto, mesmo sem o conhecer pessoalmente.
Emoção à flor da pele, com interpretações impecáveis de todo o elenco, tanto de Wagner, Mariana e Lima Duarte, como das participações de Leandro Firmino, Rui Resende, do saudoso Abrahão Farc e do estreante Brás Moreau Antunes, filho do cantor e compositor Arnaldo Antunes, autor de Olha pra mim, música da trilha que sintetiza todo o filme. Confira o clipe da canção, interpretada por pai e filho na vida real, Arnaldo e Brás Antunes:
Fotos: divulgação
2 Comentários
Miriam
março 27, 2013 @ 08:24
Eu amei esse filme!
Maurício Mellone
março 27, 2013 @ 16:55
Miriam:
Tb gostei muito do filme, principalmente pela atuação
do Wagner: seu personagem vai se modificando (*internamente*)
à medida em que percorre o país em busca do filho.
A busca é a dele mesmo!
Obrigado pela visita e volte sempre
abr