De Maurício Mellone em maio 3, 2013
Depois do êxito carioca, os paulistanos têm a chance de conferir, no Teatro Jaraguá (link), até final de junho, a fascinante peça policial Em Nome do Jogo, do dramaturgo britânico Anthony Shaffer. Com direção de Gustavo Paso, Marcos Caruso e Erom Cordeiro vivem dois homens que disputam a mesma mulher: o famoso e rico escritor de histórias policiais Andrew Wyke é casado, mantém um caso extraconjugal, mas não quer ceder aos caprichos da mulher e conceder o divórcio; já Milo Tindolini, um rapaz mais jovem, dono de um modesto salão de beleza e amante da esposa do escritor, se vê envolvido num intrincado jogo entre eles, que terá um final inesperado.
Considerado pela crítica como um dos mais importantes dramaturgos de enredos policiais da Inglaterra, Anthony Shaffer escreveu Sleuth em 1970 e graças à trama muito bem articulada a peça permanece atual até hoje. Já encenada no país nos anos 70 com o título de Jogo Mortal, na montagem atual tudo acontece no sofisticado escritório de Andrew, que fica no andar inferior de sua mansão. O escritor, que adora criar jogos para testar suas criações literárias, convida o amante de sua mulher para um encontro. Milo chega meio desconfiado e aos poucos, assim como o espectador, percebe que está fazendo parte de uma grande jogada. Andrew, sabendo que a mulher o trai e que adora o luxo em que vive, faz uma proposta ao cabeleireiro, que não dispõe de muitas posses. Com o roubo das joias da família, Milo não só ficaria rico e poderia proporcionar uma bela vida à amante, como Andrew receberia grande quantia do seguro. Plano aceito e executado, Milo é surpreendido ao final do assalto: o escritor pega as joias e mata o ‘assaltante’.
Como se trata de uma história policial, o desenrolar da trama é surpreendente. O caso é investigado pelas autoridades e, de vítima, o veterano escritor passa a ser o responsável pela morte do cabeleireiro. Mas outras reviravoltas na trama deixam o espectador em suspense até o final.
“O maior desafio que a peça apresenta é colocar o espectador dentro da cabeça de um autor de romances policiais, apaixonado por jogos. O espetáculo, portanto, é uma sucessão de jogos entre os dois personagens e que nem sempre sabemos quem realmente está no domínio”, explica o diretor Gustavo Paso.
Em Nome do Jogo, sem dúvida, prende a atenção do público do primeiro ao último minuto e o conflito dos personagens, que medem força a todo instante, ganha veracidade graças à sintonia e vigor da interpretação de Marcos Caruso e Erom Cordeiro. Outro destaque fica para Teca Fichinski, que criou um figurino contrastante dos personagens que enfatiza o duelo da trama: austero e clássico para o escritor e social e informal para o cabeleireiro. Cenário, assinado pelo diretor em parceria com Ana Paula Cardoso e Carla Berri, e iluminação, de Paulo Cesar Medeiros, também merecem ser ressaltados.
Fotos: Guga Melgar
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