De Maurício Mellone em março 27, 2017
Você só tem até a próxima segunda, dia 03 de abril, para conferir a primeira exposição realizada no Brasil do artista plástico e escultor austríaco Erwin Wurm. A mostra — Erwin Wurm- O Corpo é a Casa — ocupa todo o prédio do CCBB-SP, do quarto andar até o subsolo, e com objetos do cotidiano (mesa, cadeira, automóvel, casa), alimentos e o próprio corpo humano, o escultor, com muito humor, propõe uma visão crítica da sociedade de consumo contemporânea.
Um dos destaques da mostra é o espaço interativo de esculturas de um minuto, em que alguns objetos ficam dispostos para que o público possa manipulá-los, há instrução do artista de como deve ser feito e a pessoa precisa ficar 60 segundos “vestindo” a obra.
Para o curador da mostra, Marcello Dantas, Wurm é um artista que faz as pessoas gostarem de arte, ele evoca uma dose de humor e irreverência muito acessíveis. Porém, em seguida há um desconcerto:
“Algo se inverte por trás de um certo conforto. Wurm é como uma mosca na sopa da sua mãe. Ele também confere um novo sentido ao papel do corpo na arte, passando a dar materialidade a coisas que não tinham: transforma o carro, a salsicha, o pepino e a casa em matéria escultória e lhes imprime uma dimensão simbólica, em que o banal é objeto de apreciação e o tédio pode ser cultuado”, explica Marcello Dantas.
O visitante começa a circular pela exposição partindo do quarto andar, que traz como destaque a sala com várias esculturas, incluindo Big Kiss(Grande Beijo)/15 e Sitting Big (Sentado Grandioso)/2005-06. No terceiro andar, a sala é como se fosse uma casa, com objetos do cotidiano: um armário, uma luminária, um vaso sanitário, mesa e cadeira, Destaque para Angust/Lache Hochgebirge (Ansiedade/Rindo nas montanhas altas)/14.
Ao chegar ao segundo andar, o visitante dá de cara com um grande painel, com o nome do artista rodeado de informações sobre sua vida, carreira, influências, sua linguagem e filosofia. E é neste andar que estão as One Minute Sculptures (Esculturas de um Minuto), o espaço interativo e lúdico. São oito esculturas que só se concretizam com a participação do visitante; dentre elas Suéter/02 e A Bunda de Freud/04.
No primeiro andar, estão as esculturas em que o artista transfere as qualidades das pessoas para os objetos, assim o corpo se adapta à roupa, a casa é pesada, o carro engorda. Há um espaço com um grande espelho e diversas peças (chapéus, sapatos, estolas, óculos) e as pessoas podem experimentar o que quiserem. Destaque para Fat Convertible (Conversível Gordo)/03, o carro vermelho bem gordinho.
A mostra se estende até o subsolo com uma obra apenas (Bombom de Chocolate/04), para no saguão o visitante apreciar o grande destaque, Casa Gorda/03, que ocupa todo o espaço; ao entrar na casa/escultura, há bancos em que as pessoas podem se sentar e assistir ao vídeo em que a casa fala sobre o sentido da arte e da vida. Ironicamente, perto da cafeteria está a escultura The artist who swallowed the world (O artista que engoliu o mundo)/06, um gordo bem fofo de blusa verde.
Sem dúvida, com irreverência e humor, Erwin Wurm diverte o público com suas obras deliciosas e, ao mesmo tempo, provoca uma reflexão sobre o viver nos nossos tempos. Imperdível. Corra, a mostra fica em cartaz só até a próxima segunda-feira.
Roteiro:
Erwin Wurm- O Corpo é a Casa. Exposição do artista plástico austríaco Erwin Wurm. CCBB-SP (todo o prédio), Rua Álvares Penteado, 112, tel. 11 3113-3651. Horários: de quarta a segunda, das 9h às 21h. Ingressos: gratuitos (visitação com hora agendada pelo site www.ingressorapido.com.br; disponível também em aplicativo para celulares). Classificação: livre. Temporada: até 03 de abril.
Fotos: divulgação
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