De em maio 31, 2011
Montagem de clássicos do teatro é sempre muito louvável. Quando o clássico recebe uma adaptação de outro mestre das artes, aí passa a ser um presente para o público. É o acontece com Espectros — com temporada até 12 de junho no Teatro Anchieta, Sesc Consolação — de Henrik Ibsen, adaptado por Ingmar Bergman. A peça original é de 1881 e em 2002 o cineasta e diretor teatral traduziu e trouxe para o século XXI o drama que escandalizou a Europa quando foi encenada.
Com direção de Francisco Medeiros, a peça retrata a volta do filho (Flavio Barollo) para a cerimônia de inauguração de um orfanato em homenagem póstuma ao pai. A mãe, vivida por Clara Carvalho, havia internado o filho num colégio e, com sua chegada, o passado da família vem à tona. A verdadeira história daquela família vai se revelando no decorrer da trama, como num suspense. A cumplicidade do pastor (vivido por Nelson Baskerville) com a dona da casa, o mistério compartilhado com o carpinteiro da obra (Plínio Soares) e o envolvimento do garoto com a empregada da casa (Patrícia Castilho) culminam num final avassalador. Os espectros que rondam aquela casa deixam o espectador ainda mais envolvido com a trama.
Por lidar com dramas familiares e de forma contundente, a peça é extremamente contemporânea. Para o diretor “Ibsen foi um dos grandes retratistas de seu tempo e sua obra desnuda a sociedade da época, mostrando o lado obscuro da sociedade e da família, um dos pontos que torna Espectros muito atual”.
O criativo cenário de Marcio Medina e Cesar Santana (as pilastras que se movem alterando o fundo e frente da casa), a iluminação sensível de Wagner Freire e a interpretação marcante de Clara Carvalho e Flavio Barollo são os grandes destaques desse clássico revisitado.
Fotos: Ronaldo Gutierrez
4 Comentários
Imad
junho 11, 2011 @ 17:28
Dois artistas grandiosos que souberam tratar do universo familiar, com suas dores, segredos, mentiras etc. Enfim, mestres que fizeram da vulnerabilidade da condição humana a matéria-prima de suas obras. Vale a pena, certamente!
Maurício Mellone
junho 13, 2011 @ 14:34
Imad:
Concordo com vc em tudo!
Obrigado pela audiência e pelos comentários carinhosos e cheios de conteúdo!
bjs
Dinah
maio 31, 2011 @ 18:56
Maurício,
Já teve a Casa de bonecas… e agora a Casa dos Espectros? Mexer com o passado das famílias, em geral, é abrir um vespeiro. Ibsen sempre soube tratar brilhantemente essas tramas, fazendo retratos familiares e sociais desconcertantes. Que continuam atuais, né? Gostei muito da resenha. bj.
Maurício Mellone
junho 1, 2011 @ 14:22
Dinah:
Essa montagem é com a adaptação que Ingmar Bergman fez da peça original de Ibsen: dois mestres que sabem lidar com as
tramas familiares. Vale a pena conferir!
Obrigado pelos elogios e pela audiên cia!
bjs