De Maurício Mellone em janeiro 7, 2016
Mais do que relatar a carreira de sucesso de uma diva do cinema, o documentário de diretor Stig Björkman, Eu Sou Ingrid Bergman, apresenta um grande painel da vida e obra da atriz sueca. Tendo como base cartas endereçadas às amigas, seus diários e filmes caseiros rodados pela própria Ingrid, o filme mostra a trajetória pessoal da atriz, desde sua infância em que ficou órfã muito cedo, seu ingresso para o cinema ainda na Suécia, sua ida para Hollywood e o imenso sucesso nos EUA — venceu três estatuetas do Oscar, duas como atriz principal e outra como coadjuvante —, até seus três casamentos, sua relação nada convencional com os quatro filhos e a tumultuada vida íntima, em que rompeu tabus e escandalizou a conservadora sociedade norte-americana.
Como o próprio título indica, o documentário é em primeira pessoa, com a visão da própria Ingrid Berman sobre sua vida. O recurso utilizado pelo diretor, que também assina o roteiro, é trazer a diva em primeiro plano por meio da voz de Alicia Vikander, que lê as cartas que a atriz enviou às amigas durante muitos anos; é assim que o espectador sabe da timidez de Ingrid, que usava seus papéis no cinema para superar esta limitação, além de seu extremo amor aos quatro filhos — Pia, fruto de seu primeiro casamento com Petter Lindson e os três que ela teve com o diretor italiano Roberto Rossellini, Roberto e as gêmeas Isotta e Isabella, esta também atriz —, mesmo tendo abandonado Pia com o pai quando se envolveu com o segundo marido e depois deixando os outros filhos com babás enquanto filmava pela Europa.
O roteiro acompanha a trajetória de sucesso de Ingrid, com sua chegada aos Estados Unidos e a participação em grandes filmes como O Médico e o Monstro/1941, Stromboli/1950 e Sonata de Outono/1978 dentre tantos. Depois o documentário mostra o envolvimento amoroso dela com o fotógrafo Robert Capa e em seguida com o diretor Roberto Rossellini (ambos casados), o que escandalizou a sociedade norte-americana e fez com que ela migrasse de volta à Europa e recomeçasse sua carreira por lá, tendo filmado com grandes diretores como Alfred Hitchcock, Jean Renoir, Ingmar Bergman e o próprio Rossellini.
Conterrâneo de Ingrid, o diretor com Eu Sou Ingrid Bergman consegue apresentar um grande painel da vida da atriz, trazendo tanto o lado profissional dela, como o da mulher, mãe, amante e amiga, com depoimentos das atrizes Liv Ulman e Sigourney Weaver e dos filhos (Isabella se empenhou muito para a realização do filme, pesquisando e descobrindo facetas da mãe que ela própria desconhecia, como a constante preocupação de Ingrid com os filhos, revelada nas cartas). Belo registro da vida de Ingrid Bergman, que deve agradar tanto aos cinéfilos como ao público em geral.
Fotos divulgação
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