De Maurício Mellone em dezembro 31, 2024
Um sentimento comum que todos temos neste período do ano é dar uma olhada para tudo o que fizemos nos últimos 365 dias e assim elaborar um breve resumo com a intenção de prosseguir mais fortalecidos. Pessoalmente 2024 marca minha volta a São Paulo, minha terra natal, depois de três anos de uma rica experiência no Recife/PE. Fora os perrengues naturais de uma mudança neste país continental como o nosso, logo consegui me instalar e prontamente retomar as atividades deste blog cultural. Agora tendo um olhar mais aguçado para as produções paulistanas, sem me descuidar do melhor que o Brasil produz nas artes.
Retrospectivas às vezes podem ter um tom melancólico, enfadonho ou então catastrófico. Para fugir destes adjetivos e não cansar quem estiver lendo o balanço 2024 do FAVO, resolvi optar por alguns destaques de cada setor que estive presente por aqui. O importante é relembrar, se emocionar e ter fé que no ano vem, que começa amanhã, estaremos a postos para mais emoção que a ARTE sempre nos proporciona. Feliz 2025!
Mesmo com a pequena interrupção em função da mudança física, produzi mais de 60 resenhas/críticas — precisamente 65 — de teatro, cinema, dança e literatura. Uma grata surpresa do mundo das letras foi ter tido a chance de ouvir a paulistana Aline Bei numa palestra informal sobre sua literatura, no evento Arena da Palavra. Fiquei tão entusiasmado que logo devorei seu segundo romance Pequena coreografia do adeus (Companhia das Letras), em que ela, num estilo próprio e criativo, traz um olhar corrosivo sobre as relações familiares, o abandono e o amor.
O teatro voltou a ter o maior destaque nas páginas do FAVO e dentre tantas produções com estrelas e divas das artes dramáticas, como Nathalia Timberg, Renata Sorrah, Bete Coelho, Clara Carvalho, Lavínia Pannunzio, Maitê Proença e Heloísa Périssé, quero destacar a performance de Débora Falabella, em Prima Facie. Em sua primeira experiência em monólogo, num texto que denuncia a violência sexual e o machismo do sistema judiciário, Débora demonstra pleno domínio de seu ofício, provocando no público um silêncio uníssono nas últimas cenas. Merece todos os prêmios do ano.
E como não poderia deixar de ser, o maior destaque no cinema deste ano é para o filme Ainda estou aqui, do diretor Walter Salles, inspirado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva. Ovacionado primeiramente no Festival de Veneza e depois mundo a fora, o filme também é recordista de bilheteria no Brasil e é o representante do país no Oscar/2025, na categoria produção estrangeira. Além de tocar com sensibilidade num tema tão sombrio — a atrocidade que a ditadura militar provocou à nação —, a produção se destaca pela atuação brilhante de Fernanda Torres. Com sutileza no olhar e um silêncio interior ensurdecedor, a atriz mostra a transformação de Eunice: de uma mulher alegre e voltada à família, ela passa a ser uma guerreira, que precisou manter a lucidez no âmbito familiar e ao mesmo tempo lutar com todas as forças contra um sistema ditatorial.
E para fechar este resumo e o ano, os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia são os grandes destaques. Depois de uma turnê pelo país, eles fizeram três grandiosos shows em São Paulo e estarão na virada do ano nas areias de Copacabana, hoje à noite. Os shows retomam a temporada em fevereiro; no roteiro, os principais hits da carreira de ambos. Destaco a canção Um Índio, um dos pontos altos da apresentação. Fique com um clipe da música (apresentação no programa Caldeirão com Mion da TV Globo) e os meus votos de um 2025 de luz e paz.
4 Comentários
DINAH SALES DE OLIVEIRA
janeiro 2, 2025 @ 15:17
Maurício,
Só agora estou lendo sua retrospectiva cultural. Muito bons os escolhidos do blog.
Li ou vi alguns, que bom você ter repassado o que de melhor teve o ano que já se foi.
Mais Cultura pra todos. E viva o FAVO!
Beijos e um desejo de ótimo 2025 pra todos nós!
Maurício Mellone
janeiro 2, 2025 @ 15:24
Dinah, minha amiga querida:
Muito brigado por sua visita e pelas
palavras de incentivo!
UM 2025 de luz, cultura e paz pra nós!
Beijos
Nanete Neves
janeiro 1, 2025 @ 16:39
2024 foi um ano difícil no coletivo, mas rico nas artes, riqueza essa que você resumiu tão bem aqui.
Que 2005 continue sendo assim culturalmente produtivo. Longa vida ao Favo!
Maurício Mellone
janeiro 2, 2025 @ 15:03
Nanete, minha querida amiga:
Muito obrigado, vc sempre tão amiga e solidária!
Agradeço muito por sua atenção ao FAVO.
Que 2025 seja mesmo culturalmente rico para todos nós!
Beijos