Livro: Intrigas Augustas de Guilherme Junqueira, foto 1

Guilherme Junqueira retrata a noite do Baixo Augusta em livro e peça

De em abril 24, 2013

 

Livro: Intrigas Augustas de Guilherme Junqueira, foto 1

Capa do livro de Guilherme Junqueira, editado pela Maçã de Vidro Edições

O universo das baladas paulistanas, com seus personagens típicos, como notívagos, prostitutas, traficantes, bêbados, mendigos, travestis, gays e baladeiros em geral compõem a matéria prima de Intrigas Augustas, terceiro livro de Guilherme Junqueira, que acaba de ser lançado pela Maçã de Vidro Edições.

Depois de Suicida Rock’n Roll de 2010 e O evangelho segundo a carne, de 2011, Guilherme retrata neste novo livro o que acontece na noite e madrugada de São Paulo, com foco específico na região que ultimamente vem sendo chamada de Baixo Augusta, o ‘triunvirato’ compreendido entre as ruas Augusta, Bela Cintra e Frei Caneca. Com uma linguagem direta e corrosiva, as três histórias do livro, que o próprio autor define como de vício, paixão e crime, revelam não o glamour da noite, mas o submundo da condição humana. A escritora Adriana Zapparoli na apresentação do livro é precisa:

 

“O autor possui um estilo direto e forte e descreve de forma verossímil a degradação humana. Os personagens encaram os acontecimentos bizarros e incomuns com muita naturalidade. Poética que conta a paixão, o amor, o sexo, as relações turbulentas, as drogas e o calvário do subemprego, transformando a matéria do cotidiano em arte e poesia com alto teor crítico”, analisa Adriana Zapparoli.

Peça: Monalisa Underwear, foto 2

Lara Giordana interpreta a personagem central da peça, versão de uma das histórias do livro

Além de focar as três histórias no universo notívago do Baixo Augusta, Guilherme Junqueira tem outro elo entre as tramas: as personagens centrais de cada história são mulheres em crise, que flertam com o estigma de morrer aos 28 anos. O pano de fundo das tramas é o submundo, em que o crime está sempre presente.

O autor diz que quer verter as três histórias para o teatro; a primeira Monalisa Underwear, ele já adaptou e também dirige o espetáculo:

“O teatro é um agente transformador e o público deve ser transportado para o universo que está sendo apresentado. A vida é a matéria prima dessa peça, a vida e seus caminhos misteriosos entre as trevas e a loucura de uma cidade”, esclarece Junqueira.

 

O espetáculo começa com Dallas (Lu Vitaliano), uma hippie chic, que com seu tarô, seus cristais, incensos e vinhos conta sobre sua paixão pelo escritor Lagash (Haroldo Costa Ferrari), que está sem dar notícias há mais de um mês; é que ele se envolveu com Mona Hard (Lara Giordana), a vocalista da banda Serpentes de Medusa, e o clima underground  da jovem o seduziu visceralmente. Mona, uma jovem envolta em mistérios, vícios e prostituição, vive em crise e a chegada de Nefasto (Fred Steffen), um velho conhecido da infância, provoca a volta de fantasmas de seu passado dolorido. Lagash, mesmo estando fascinado pela garota, fica à distância, como observador daquele universo bizarro, que será tema de seu novo romance.

 

“Não se pode tirar uma pessoa do inferno, sem entrar no inferno dela também”.

 

Esta fala de Lagash resume bem o clima do espetáculo, que está sendo apresentado no próprio cenário da trama, o Baixo Augusta, no Teatro Cemitério dos Automóveis, que desta forma faz uma auto-referência à trama de Junqueira.

Livro: ilustração de Guilherme Junqueira, foto 3

Ilustração de Guilherme Junqueira para a terceira história de seu livro

As outras duas histórias que integram Intrigas Augustas também devem ser adaptadas aos palcos. Em Black Vomit Blues, a personagem central é a jovem Bárbara Camille, ex-aluna de colégio de freiras que se apaixonou por um padre que a seduziu e a engravidou. Ela é expulsa do colégio, aborta e passa a viver num mundo recluso e ensimesmado, até conhecer, num velório de um desconhecido, Beliel, que se autodenomina Diabo. Balconista de um sebo, Camille é levada a um ‘inferninho’ da Augusta pelo novo amigo e sua vida se transforma.
Na terceira história do livro, A Morte sorriu pra mim, tudo transcorre no pequeno apartamento de Bruno Barata, um sensível designer e escritor gay, que recebe a visita de Celine, a garota misteriosa que todo o ano no dia de seu aniversário visita o amigo. O passado é revisitado por eles e ao final Barata resolve finalmente terminar o quadro em que retrata Camille.
Guilherme Junqueira com mais estes trabalhos revela seu talento multifacetado e sua verve criativa — além de escritor, roteirista de cinema e agora dramaturgo e diretor teatral, ele é artista plástico e assina as ilustrações do livro. Esperemos pelas novas versões teatrais destas histórias e o que mais ele venha a nos oferecer!

Fotos: Gisela Schlögel

Roteiro:
Monalisa Underwear. Texto e direção: Guilherme Junqueira. Elenco: Haroldo Ferrari, Lara Giordana, Lu Vitaliano e Fred Steffen. Trilha original: Kas Dub. Cenografia e figurino: Osalquimistas. Iluminação: Walter Figueiredo e Ademir Muniz. Produção e fotografia: Gisela Schlögel.
Serviço:
Teatro Cemitério de Automóveis (40 lugares), Rua Frei Caneca, 384, Tel. 2371-5783. Horários: sextas e sábados, meia-noite. Ingressos: R$ 20 (meia-entrada: R$ 10). Duração: 60 min. Classificação: 16 anos. Temporada: até 04 de maio.


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