De Maurício Mellone em março 23, 2012
São inegáveis as conquistas que a comunidade LGBT vem obtendo nos últimos tempos. Nossa visibilidade é cada vez maior e as entidades que lutam por direitos iguais avançam na sociedade: conseguimos eleger para o Congresso Nacional nosso representante, o batalhador e militante deputado carioca Jean Wyllys. As Paradas se proliferam país afora e o movimento contra homofobia cresce a olhos vistos. Talvez até por isto é que os intolerantes e preconceituosos também resolvem tirar as máscaras e agirem. Mas atos de violência e discriminatórios estão sendo denunciados e esperemos que punições sejam à altura!
No entanto, a manifestação cultural voltada à comunidade LGBT parece ainda um tanto truncada ou amordaçada. Será que patrocinadores ainda não enxergaram as mudanças ocorridas na sociedade mundial e, especificamente no Brasil? Talentos neste nosso país existem, só precisam ter a chance de se mostrar ao grande público. Para preencher esta lacuna, pelo menos no mercado editorial, já há uma alternativa. A Editora Escândalo (www.editoraescandalo.com) acaba de chegar ao mercado e lançou no final do ano passado o livro de contos Homossilábicas, que reúne sete autores, entre nomes já consagrados e estreantes, que dedicam suas obras às relações homoafetivas.
Com prefácio do escritor maranhense Kadu Lago (Confissões ao Mar/Ed Copacabana), Homossilábicas traz histórias de autores de diversas regiões do Brasil: Marli Porto, Giselle Jacques, Thiago Thomazini, Moa Sipriano, Ricardo Feitosa, Roberto Muniz Dias e Paulo D’Bram.
“Este livro reúne algumas das melhores mentes dessa vertente literária voltada à temática LGBT. Ele vem dar forma, vem dar cara, vem dar a cara à tapa. Vem mostrar que a boa literatura transcende rótulos!”, argumenta o escritor Kadu Lago.
Cada autor colabora com um, dois ou até três contos nesta seleção. Por serem autores de idades as mais diversas, com experiências de vida (e profissional) também muito distintas, cada conto é uma agradável surpresa, o que torna a obra ainda mais rica e envolvente.
Senti dificuldade, na hora de estruturar e redigir esta resenha, de ressaltar alguns dos autores. Porém, Thiago Thomazini e Giselle Jacques chamaram-me mais a atenção. Ele, um paulista quase carioca, escreve desde a infância e é um roteirista há muito. Talvez por isto que seus três contos (Poesia para a solidão, A perda e a busca e A lista) tragam a rapidez, agilidade e clareza das imagens.
“…E, de repente, aconteceu. O beijo! Esperado e desesperado, quente, descontrolado em desvairada agonia.
Entrelaçados, adormeceram.
E, naquele dia, o sol nasceu mais reluzente e a manhã foi tão manhã que esqueceu-se de virar noite.”
(Poesia para a solidão)
A gaúcha Giselle Jacques também tem sua carreira ligada ao cinema, como roteirista e produtora. Como disse Kadu Lago, não há rótulos para a boa literatura: Giselle é heterossexual e mãe, mas nem por isso seu conto Alexia deixa de retratar com sensibilidade e elegância a intrincada relação entre Alexia, Rodrigo, Ângelo e Luciano. Com habilidade e uma pitada de mistério, a autora vai ao poucos elucidando o leitor sobre como vivem estes quatro personagens. Em tempos de reflexão sobre o modelo romântico tradicional de relacionamento, Giselle joga um poderoso holofote sobre este tema, ainda considerado tabu.
Infelizmente Homossilábicas não é encontrado com facilidade nas livrarias. Os interessados na obra devem acessar o site da editora ou solicitar seu exemplar por e-mail: editorial@editoraescandalo.com
Fotos: divulgação
2 Comentários
Danilo
novembro 10, 2020 @ 11:33
A editora escândalo ainda existe?
Maurício Mellone
novembro 10, 2020 @ 12:30
Danilo,
bom dia
Não tenho esta informação.
Vc já procurou no Google?
Obrigado pela visita, volte sempre
abr