De Maurício Mellone em setembro 28, 2018
Uma das reclamações mais comuns entre pesquisadores, jornalistas, atores e produtores culturais era sobre a falta de livros sobre teatro e peças teatrais escritas recentemente. De uma forma ou de outra — a crise econômica vem afetando muito o mercado editorial — esta lacuna vem sendo preenchida.
Algumas editoras estão se debruçando sobre este segmento e já há publicações de peças teatrais de dramaturgos contemporâneos no mercado. É o caso da Editora Cobogó que lançou recentemente INSETOS, do dramaturgo carioca Jô Bilac, e que a Cia dos Atores apresentou no CCBB/SP no último mês de julho.
Na introdução do livro, Bilac explica sobre o processo de criação do texto, que contou com a efetiva participação do diretor Rodrigo Portella e dos atores do grupo. Desta forma, o leitor tem acesso tanto ao texto original como ao texto adaptado aos palcos, publicados lado a lado.
Outra publicação de peça encenada nos últimos meses é NECROPOLÍTICA, do cearense Marcos Barbosa, apresentada pela Mundana Companhia, com direção de Aury Porto, dentro da programação da IV Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP, encerrada no último mês de agosto. O público, ao adquirir seu ingresso, recebia o texto na íntegra do espetáculo; os interessados hoje podem ter acesso à peça por meio da biblioteca da instituição. O texto, de maneira inusitada, discute o conceito de morte:
“A ação da peça se passa num futuro distante no qual o desenvolvimento tecnológico tornou difusas as fronteiras entre a vida e a morte. Cadáveres providos de memória e consciência por meio de suporte digital são trazidos à vida e situados num limiar entre a morte biológica e a vida”, explica o dramaturgo Luís Alberto de Abreu.
A Giostri Editora, especializada em autores brasileiros, também vem publicando nos últimos anos peças de dramaturgos contemporâneos. De Franz Keppler, publicou três livros: Ofélia em mim e outros textos, Camille & Rodin e Anjo da Guarda. Mário Viana também tem livros de suas peças publicados pela Giostri: Vida & obra de um tipo à toa (com mais duas outras peças) e Natureza Morta e outras peças curtas.
Que iniciativas como estas sejam replicadas pelo mercado editorial. O público precisa ter acesso à produção recente dos dramaturgos brasileiros.
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