De em abril 20, 2011
Qual a razão de no título do filme aparecer uma interrogação? Pode parecer uma estratégia de marketing, mas logo no início do documentário ficcional Amor? o diretor João Jardim deixa claro que não se trata de relações em que o afeto é o elemento que une as pessoas. Pelo contrário: são casos amorosos em que a violência sobressai, o ciúme é doentio e invariavelmente um é subjugado pelo outro.
O público é avisado que os depoimentos são reais e foram recolhidos em entrevistas realizadas em centros, organizações e em delegacias de várias cidades do país. Por envolver a outra pessoa da relação e para preservar a identidade dos entrevistados, o diretor resolveu convidar atores que dariam os depoimentos dessas pessoas. Assim participam do filme Lília Cabral, Mariana Lima, Eduardo Moscovis, Ângelo Antônio, Júlia Lemmertz, Letícia Colin, Silvia Lourenço, Fabíula Nascimento e Cláudio Jaborandy.
Impossível, com a produção de João Jardim — coautor do belíssimo Lixo Extraordinário que concorreu ao Oscar desse ano — não se lembrar de Jogo de Cena, filme de Eduardo Coutinho em que mulheres comuns davam seus depoimentos, ao lado de atrizes que interpretavam as mesmas histórias. Mas há peculiaridades: em Amor? os atores dão os depoimentos (reais) dos entrevistados, não interpretam histórias ficcionais. Uma das atrizes comenta com Coutinho que o choro é diferente: enquanto a atriz faz questão de mostrar as lágrimas ao interpretar, a pessoa comum diante da câmera evita se emocionar e até pede desculpas se não consegue se conter. No filme de Jardim isso fica nítido: quando a emoção vem à tona e a pessoa tem vontade de chorar, imediatamente controla-se ou pede desculpas por ter chorado!
Os relatos mostrados por Jardim são viscerais, as histórias de amor regadas por ódio, violência, dominação e poder são realmente desconcertantes. E aí entra um dos maiores trunfos do filme: a atuação dos atores. Fiquei emocionado com a performance de Ângelo Antônio, Lília Cabral, Mariana Lima e Júlia Lemmertz.
Particularmente, adoro cinema nacional e fico emocionado ao ver retratada na telona a realidade desse nosso país-continente. No entanto, por se tratar de histórias duras e sofridas, o filme provoca o espectador e na sessão em que estava algumas pessoas não aguentaram e saíram da sala. Talvez até por se identificarem com os relatos.
Recomendo muito Amor?, por mais que o estômago possa ficar um pouco revirado durante a exibição. Mas em todos os casos relatados houve a superação: a pessoa ao contar sua triste história está em outro momento da vida, aquela dor já é passado!
Fotos: Divulgação
4 Comentários
FERNANDA
setembro 9, 2013 @ 09:33
O filme é perfeito, ja assisti várias vezes e consigo perceber o quanto de cada uma das pessoas que ja me envolvi estao nesse filme… e claro um tanto meu também.
As relações afetivas, são extremamente destrutivas se forem vividas incorretamente…
Mas onde fica a linha que separa o correto do incorreto, o aceitavel do intoleravel?
Amor? umas das coisas mais lúcidas que vi sobre o tema, consigo perceber que todos somos normais dentro dessa tal anormalidade que o afeto nos leva a proceder…
Maurício Mellone
setembro 9, 2013 @ 14:28
Fernanda:
Adorei o filme tb!
Faz tempo, mas com seu comentário lembrei q há passagens
em que o espectador se identifica mesmo!
Obrigado pela visita e volte mais vezes!
abr
Carlos Talis
abril 20, 2011 @ 23:27
incricél……………
qdo tenho se q cultura atual …e principalmente qdo escolho ver teatro na cultura q hoje acontece, impossivél passar por Mauricio e ver e principalmente sentir … as peças q ele recomenda
Obricado
Voce existe
Maurício Mellone
abril 21, 2011 @ 15:10
Carlos:
Que bom receber sua visita! Grata e maravilhosa surpresa!
Venha sempre, terei o maior prazer em recebê-lo! bjs saudosos!