De em agosto 1, 2011
Nas Filipinas, o roubo de um celular provoca a morte de um jovem. Este é o mote inicial para que o diretor Brillante Mendoza em Lola faça um retrato crítico da situação vivida pela população pobre do arquipélago asiático. Na língua tagalo, falada pela população, lola é avó: nada mais adequado para o título desse filme, pois são as duas avós que protagonizam a história.
Lola Sepa (Anita Linda) mora com a filha e os netos num bairro paupérrimo e que vive inundado; ela inicia a trama em busca de dinheiro para enterrar o neto, vítima do assalto. Do outro lado, Lola Puring (Rustica Carpio) tem uma banca de verduras e tem um filho que depende dela para tudo, inclusive para se alimentar. Com o neto Mateo (Ketchup Eusebio) preso, ela não mede esforços para livrá-lo da prisão.
Filmado no período chuvoso das Filipinas e, na grande maioria das cenas, com a câmera nas mãos, Lola é um retrato da dura realidade social e econômica daquele país asiático. No bairro de Lola Sepa o meio de transporte é o barco e as casas são insalubres. Lola Puring também vive com sacrifício e como a única saída para retirar o neto da enrascada em que se meteu é fazer um acordo com a família da vítima, ela resolve arrumar dinheiro para convencer Lola Sepa a desistir da ação penal. Ambas não têm dinheiro para pagar advogado e, dessa forma, o diretor revela o descaso do poder judiciário com a população carente. A burocracia e o ineficiente sistema criminal e judicial são evidenciados pelas lentes de Mendoza. Se aqui no Brasil a gente reclama da lentidão do Judiciário, nas Filipinas percebemos que Justiça inexiste para a população carente e sofrida.
O grande destaque de Lola é para a atuação das veteranas atrizes, que vivem as lolas: ambas com mais de 80 anos, emocionam o espectador com suas interpretações e vigor cênico. Para o diretor, o filme é uma homenagem a todas as vovós do mundo. O filme foi rodado em 2009 com recursos franceses e orçamento modesto; concorreu ao Leão de Ouro do Festival de Veneza e ganhou o prêmio do júri do Festival de Filmes de Miami.
Foto: Divulgação
4 Comentários
Mario Viana
agosto 8, 2011 @ 18:32
Mauricio, conforme eu assistia o filme, pensava apenas na escandalosa colecao de sapatos da Imelda Marcos… e ficava ainda mais chocado…
As atrizes sao sensacionais, mesmo.
Atriz com ruga… que lindo…
Maurício Mellone
agosto 9, 2011 @ 14:13
Mário:
Li no material de divulgação de Lola, que o diretor fez
questão de convidar as duas veteranas atrizes, que fazem o maior
sucesso no teatro local! Feliz escolha!
bjs
Imad
agosto 8, 2011 @ 01:23
Assisti à pré-estréia deste filme. Ele é ótimo, emociona bastante. E brilhante, para combinar com o nome do diretor, é um adjetivo que merece ser aplicado à obra.
Maurício Mellone
agosto 8, 2011 @ 14:24
Imad: um retrato das Filipinas q os ocidentais pouco conhecem!
bjs