Peça: Love Love Love, foto 1

Love Love Love: peça mostra conflito de gerações na mesma família

De em abril 2, 2018

Peça: Love Love Love, foto 1

Elenco: Mateus Monteiro, Alexandre Cioletti, Débora Falabella, Yara de Novaes e Augusto Madeira

O Grupo 3 de Teatro (formado Débora Falabella, Yara de Novaes e Gabriel Fontes Paiva) retorna ao dramaturgo inglês Mike Bartlett — em 2013 encenaram Contrações. Desta vez acabam de desembarcar no Teatro Vivo com Love Love Love, direção de Eric Lenate, depois de temporada carioca de sucesso (Yara ganhou Shell/Rio de melhor atriz).
A montagem em três atos remonta a saga de uma família inglesa, evidenciando os conflitos de gerações entre este grupo familiar em quase 50 anos. A trama começa em 1967, exatamente no dia em que The Beatles apresentaram a canção All you need is love, em transmissão ao vivo em TV, via satélite, para todo o mundo. Sandra, vivida por Débora, e Kenneth (Alexandre Cioletti) se apaixonam neste dia e a história tem continuidade 23 anos depois, com eles (Yara e Augusto Madeira) não tão apaixonados, mas muito envolvidos em suas carreiras, negligenciando a educação dos dois filhos (Débora e Cioletti). O último ato se passa em 2014, com o casal já separado, ambos aposentados, e Rose, a filha deles, propondo um grande acerto de contas familiar.

Peça: Love Love Love, foto 2

Débora e Yara vivem Rose e Sandra (filha e mãe)

 

Mesmo com 110 minutos de duração, a direção optou por não fazer intervalos e deixar todo o elenco em cena: os atores, além de fazerem a troca de cenário, se caracterizam na frente do público. O cenário de André Cortez é crucial para marcar a mudança temporal: os poucos elementos cênicos (sofá, luminária e estante) definem o tempo da trama. Em 1967, Henry, interpretado por Mateus Monteiro, chega do serviço e encontra seu irmão Kenneth, calouro da universidade de Oxford, enlouquecido para assistir ao show dos Beatles; ele pede ao irmão que fique no quarto, pois vai receber a namorada. No entanto, Sandra chega logo e os três começam a conversar. A garota, também estudante de Oxford, se interessa pelo irmão mais novo do namorado e o atrito é inevitável. Em 1990, Sandra e Kenneth já tem dois filhos e, devido aos inúmeros afazeres profissionais, eles dão pouca atenção às crianças, principalmente a Rose, estudante de música. Na última fase desta saga familiar, em 2014, o casal está separado, ambos aposentados e muito bem de vida, enquanto a filha deles, beirando os 40 anos, sofre para se manter; já seu irmão apresenta alto grau de autismo. As diferenças de vida estão mais evidentes entre eles nesta fase e Rose questiona o modo de vida dos pais e põe em cheque a relação afetiva da família.

 

“O texto conta a história de uma família bem peculiar, tratando do conflito geracional mais atual que poderia ser. É um texto político e também psicológico. É tudo junto como costumam ser as grandes obras”, esclarece Yara de Novaes.

 

O grande destaque da montagem é sem dúvida para as proposições e o nível de discussão que o texto de Bartlett oferece: o autor não julga as gerações, coloca os acertos e também as falhas de cada um. O público é obrigado a avaliar e repensar a postura dos personagens nas fases de suas vidas. A proposta da direção de deixar o elenco em cena (mesmo aqueles que não atuam no período) provoca perfeita interação (na cena em que os jovens fumam maconha e o cigarro é repassado aos que estão fora de cena, fica nítida a ligação dos personagens). A sintonia entre Yara e Débora só dá mais veracidade ao conflito quase insolúvel entre mãe e filha. Sem dúvida um espetáculo de grande impacto, que proporciona profunda reflexão sobre o viver nos nossos tempos. Dica importante: vá ao teatro bem agasalhado, o ar condicionado da sala é potente.

Peça: Love Love Love, foto 3

Atrizes em perfeita sintonia

Roteiro:
Love Love Love. Texto: Mike Bartlett. Tradução: Maria Angela Fontes Frederico. Direção: Eric Lenate. Elenco: Augusto Madeira, Débora Falabella, Mateus Monteiro, Alexandre Cioletti e Yara de Novaes. Iluminação: Gabriel Fontes Paiva. Trilha sonora: L.P. Daniel. Cenário: André Cortez. Figurinos: Fabio Namatame. Fotografia: Leekyung Kim.
Serviço:
Teatro Vivo (274 lugares), Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460, tel. 11 3279-1520. Horários: sexta às 20h, sábado às 21h e domingo às 18h. Ingressos: sexta R$ 50, sábado e domingo R$ 60. Bilheteria: de terça a quinta das 14h às 20h; de sexta a domingo das 14h até o início da peça. Estacionamento: R$ 20,00. Duração: 110 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 27 de maio.


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