De Maurício Mellone em fevereiro 17, 2017
Este ano a cerimônia do Oscar coincide com o domingo de Carnaval, mas nem por isso os amantes do cinema vão deixar de torcer por seus favoritos. E o filme do diretor Kenneth Lonergan, Manchester à Beira-Mar, pode se tornar um dos grandes vencedores, já que concorre a cinco estatuetas: filme, roteiro original (do próprio diretor), ator para Casey Affleck, ator coadjuvante para o jovem Lucas Hedges e atriz coadjuvante para Michelle Williams.
A trama é sobre o dilema que Lee Chandler (Affleck) tem de enfrentar após a morte precoce do irmão Joe (Kyle Chandler). Morando em Boston e trabalhando como zelador de um condomínio, ele é chamado às pressas à cidade de Manchester para cuidar do velório do irmão e dar seu apoio ao sobrinho Patrick (Lucas Hedges), de 16 anos. No entanto, ao chegar à cidade natal, Lee revive todo o seu passado de dor e sofrimento e a missão de ser o tutor do sobrinho pode prejudicar a todos.
Sem demonstrar qualquer pressa, o diretor vai dando pistas de quem é o protagonista de seu filme. No início, Lee trabalha no condomínio retirando neve do pátio, faz pequenos reparos nos apartamentos, sempre calmo e de poucas palavras. Mas é o conhecido ‘estopim curto’: explode com a maior facilidade, tanto no trabalho como em seu horário de lazer. Lee parece ser um homem triste e ensimesmado.
Ao ser convocado pelos médicos do hospital em Manchester a comparecer para providenciar o enterro do irmão, Lee nem de longe imaginava o que iria vivenciar. Além dos trâmites de sepultamento e da missão de contar ao sobrinho sobre a morte de seu pai, ele é obrigado a ter acesso ao testamento deixado pelo irmão. É nesta hora que ele leva um susto: Joe o havia indicado como tutor de Patrick, o que provoca uma mudança radical em sua vida. Ele terá de se mudar para Manchester e voltar a assumir uma função muito dolorida, a de ser pai novamente. O passado traumático vivido por Lee naquela cidade volta com toda a força e ele fica perturbado. Em cenas de flashback, o espectador passa a saber tudo o que ele viveu e a entender um pouco sobre sua personalidade e sua postura diante da vida.
Mesmo vivendo uma gama de sensações muito fortes e mudanças radicais em suas vidas, Lee e Patrick vão aos poucos construindo uma maneira nova de viver, apesar dos conflitos e atritos iniciais. Em nenhum momento o diretor/roteirista apela para o melodrama e o público naturalmente passa a compreender o drama vivido por Lee. Sem dúvida, Casey Affleck constrói com perfeição seu personagem e deve receber a estatueta do Oscar/17 de melhor ator, assim como ocorreu no Globo de Ouro. Um filme denso, triste e emocionante. É a minha aposta para levar a estatueta no próximo dia 26.
Fotos: divulgação
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