Peça: Me dá a tua mão, foto 1

Me dá a tua mão: solo de Clovys Torres retrata história de amor

De em abril 20, 2018

Peça: Me dá a tua mão, foto 1

Dirigido por Amir Haddad, Clovys Torres conta a trajetória de vida de um casal

Depois de encarnar no palco o artista francês Antonin Artaud em DesolaDor, Clovys Torres está de volta com mais um monólogo. Desta vez em Me dá a tua mão, em cartaz na Livraria da Vila Lorena, ele também assina a autoria do texto, que conta uma comovente história de amor de muitos anos, em que a mulher está no quarto à beira da morte e o homem recebe as visitas (o público) e lhes conta a trajetória de vida deles, desde o inusitado casamento até a sólida e cúmplice relação a dois que conseguiram construir. A todo o momento enquanto relata os acontecimentos (tristes e alegres) da vida do casal, ele interrompe a narrativa para atender à solicitação dela, para que lhe dê a sua mão.

Depois de percorrer várias cidades antes de estrear no auditório da Livraria, o espetáculo, dirigido por Amir Haddad,  foi criado para pequenos espaços para garantir a proximidade e fazer com que o espectador também resgate suas memórias.

Peça:  Me dá a tua mão, foto 2

Ao contar a história, ator toca acordeão e berrante

O ritual cênico começa desde a entrada, com os espectadores sendo recebidos pelo ator, que agradece pela presença e logo estabelece as regras do rito: diz que irá contar uma história de amor e que ‘ela’ está no quarto ao lado, mas que ninguém precisa se preocupar com os chamados dela, que são na verdade apelos para que ele apenas lhe dê a mão. Clovys a partir de então começa o relato da história, dividindo-se em vários papéis, desde o de narrador, passando pelos dos cônjuges e até pelos dos familiares deles. As memórias daquele homem romântico vêm à tona, embaladas por canções entoadas pelo acordeão e por um berrante, e o publico, já envolvido no clima nostálgico, passa a saber de tudo o que uniu aquele casal — o casamento um tanto improvisado, a vida no sertão, a mudança para o litoral, o nascimento e morte do único filho deles, a maturidade e finalmente a velhice de ambos.

E a música comprova mais uma vez nesta montagem o poder de transportar as pessoas a outras dimensões: ao cantar Marinheiro só, de Caetano Veloso, o ator é acompanhado pelos espectadores, que não só se emocionam com a trajetória daquele casal como têm a chance de resgatar as próprias histórias.

“À medida que as personagens contam suas emoções, a plateia mergulha em suas memórias e esta é a grande poesia deste trabalho. Possibilitar que cada um viaje por suas paisagens, em suas emoções a partir da provocação do narrador”,  diz Clovys Torres.

Mais do que o relato do relacionamento entre um homem e uma mulher, o monólogo atinge as pessoas por tocar em temas profundos e tão próximos de cada um de nós, como amor, inveja, envelhecimento, solidão, vida e morte. Num formato cru (cenário constituído por pequenos objetos que ajudam a condução narrativa e uma iluminação singela), o destaque do espetáculo é para a interpretação de Torres, que envolve e emociona a todos. E como no início, ao final ele se despede de cada um dos espectadores, fechando o rito dramático.

Peça: Me dá a tua mão, foto 3

Montagem conta com poucos elementos cênicos


Roteiro:
Me dá a tua mão
. Texto: Clóvys Tôrres. Direção: Amir Haddad. Elenco: Clóvys Tôrres Orientação corporal: Rosana Baptistela. Figurinos: Zenilda Sampaio Torres. Fotografia e vídeos: Luiz Paulin. Iluminação: Carlos Nascimento.
Serviço:
Livraria da Vila (50 lugares), Alameda Lorena, 1731, tel. 11 3062-1063. Horários: sexta e sábado às 20h. Ingressos: R$ 60 e R$ 30. Duração: 70 min. Classificação: 12 anos. Temporada: até 26 de maio.


Deixe comentário

Deixe uma sugestão

Deixe uma sugestão

Indique um evento

Indique um evento

Para sabermos que você não é um robô, responda a pergunta abaixo: