De Maurício Mellone em maio 16, 2025
Milton posa para osgemos (Otávio e Gustavo Pandolfo), autores do painel que serviu de cenário para o filme
A diretora Flavia Moraes, que divide o roteiro com Marcelo Ferla, diz que Milton Bituca Nascimento não é só um documentário, mas um road movie, pois registra a turnê A Última Sessão de Música em que Milton Nascimento fez pelo Brasil e por vários países, como Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Portugal, para se despedir dos palcos. Os shows aconteceram de junho de 2022 a janeiro de 2023, com encerramento no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte/MG.
Com locução em off de Fernanda Montenegro, o filme tenta responder a questões (muitas vezes insolúveis) sobre quem é este artista, dono de uma obra musical e poética ao mesmo tempo simples e tão complexa, que comove a todos, tanto nós brasileiros como pessoas do mundo todo, muitas vezes que não compreendem nosso idioma. A música de Milton atinge diretamente o coração e a alma das pessoas. Além do próprio Bituca, como carinhosamente é chamado pelos amigos e fãs, o filme traz depoimentos de artistas brasileiros e estrangeiros, desde Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, João Bosco, Ivan Lins, até o cineasta Spike Lee e músicos como Quincy Jones, Pat Metheny, Paul Simon e Speranza Spalding.
“O que é uma despedida diante da imortalidade?
Tempo é travesso,
A vida, travessia.”
Com textos como este dito pela grande diva Fernanda Montenegro, o filme começa relembrando a infância de Milton Nascimento nas Minas Gerais, com ele pequeno testando o eco produzido nas cavernas. A geografia montanhosa, os sons do movimento dos trens, o casario barroco, enfim, o universo cultural mineiro é parte integrante da obra de Bituca, que a diretora traz para o filme.
As filmagens duraram quase dois anos, sempre acompanhando a turnê do artista pelo mundo. Os Estados Unidos foram a primeira parada e as personalidades artísticas locais também foram os primeiros a expressarem a admiração e encantamento pela obra do brasileiro, como o músico e produtor Quincy Jones (que veio a falecer em 2024), o guitarrista Pat Metheny, Paul Simon que gravou com Milton, além do cineasta Spike Lee.
Os depoimentos dos artistas, amigos e parceiros brasileiros são intercalados durante todo o filme, com imagens dos bastidores e dos shows e ainda os passeios de Bituca, sempre acompanhado pelo filho Augusto Nascimento. Nas falas, todos procuram definir quem é o artista Milton Nascimento e a ligação deles com a obra do amigo. Além dos contemporâneos — Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Ivan Lins —, artistas de outras gerações também participam e contam do fascínio que sentem diante da obra do mineiro; é o caso de João Bosco, Simone, do argentino Fito Páez, Maria Gadu, Criolo e Mano Brown.
Um capítulo especial da trama é para os parceiros do hoje lendário álbum Clube da Esquina, lançado em 1972: Lô Borges, Wagner Tiso, Beto Guedes, Ronaldo Bastos e Toninho Horta são uns dos que contam no filme sobre o grupo e a forma como Milton conduzia as composições; todos lembraram ainda a importância de Fernando Brant para o grupo e principalmente sua parceria com Bituca.
O filme termina com o show de encerramento da turnê, que aconteceu em janeiro de 2023, com o estádio do Mineirão completamente lotado! Fim da turnê de despedida dos palcos, mas Milton Nascimento confessa que isto não quer dizer que está aposentado, sua ligação com a música é eterna! Como reafirma Fernanda Montenegro no documentário:
“Em Milton, todo o amor que vem é o amor que volta como num círculo de som, que ecoa!”
Fotos: divulgação
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