Peça: Minhas queridas, foto 1

Minhas queridas: peça revive cartas de Clarice Lispector às irmãs

De em janeiro 13, 2020

Peça: Minhas queridas, foto 1

Simone Evaristo e Marilene Grama protagonizam a montagem sobre as cartas da escritora

 

 

Depois da necessária parada de final de ano, a temporada paulistana de teatro 2020 teve início nesta semana. E como vem acontecendo nos últimos anos, o SESC São Paulo sai na frente, com estreias e novidades em algumas de suas unidades.

 

É o caso de Minhas queridas, que acaba de estrear no Sesc Pinheiros, espetáculo com dramaturgia e direção de Stella Tobar que traz à tona o universo íntimo e amoroso da escritora Clarice Lispector. Com Marilene Grama e Simone Evaristo, a montagem revive a correspondência que a escritora ucraniana, naturalizada brasileira, manteve com suas irmãs (Tânia e Elisa) durante 15 anos, período em que viveu no exterior ao lado do marido Maury Gurgel Valente, diplomata brasileiro.
A peça integra um projeto do Sesc Pinheiros, Clarice, contexto, que irá apresentar durante este ano pesquisas e trabalhos sobre a obra da escritora, que completaria 100 anos em dezembro de 2020.

 

 

 

 

 

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Atrizes são dirigidas por Stella Tobar

 

 

 

Ao entrar, o público encontra o palco vazio e as atrizes iniciam a peça montando o cenário, de poucos elementos (tapumes móveis, malas e caixas que trazem outros objetos a serem usados durante a encenação). A direção enfatiza que há uma separação entre as atrizes e as duas irmãs de Clarice que recebem as cartas.

 

 

 

 

 

“Essas mulheres encontram-se em trânsito, num local de passagem onde a regra é não criar raízes”, explica Stella Tobar.

 

 

É desta forma que o espectador percebe quando as atrizes entram e deixam as personagens. Há momentos inclusive que esta técnica de quebra provoca rompimento do fluxo narrativo, que se baseia no teor das cartas da autora, que na maioria das vezes revela a angústia de Clarice por ter de viver como esposa de um diplomata (constantes viagens, recepções e festas com pessoas que desconhece), além das saudades da família e do Brasil.

 

 

A dramaturgia faz um recorte na vida da escritora, dos 24 aos 40 anos, período em que acompanhou a carreira diplomática do marido e que se tornou mãe (Pedro nasceu em 1948 na Suíça e Paulo nos EUA em 1953). Nas correspondências Clarice fala de todos os assuntos, mas transmite sua aversão à vida que levava, que impedia que se dedicasse mais à sua vocação, a escrita.

 

 

 “Receber carta sua, às vezes, tem o sentido que teria abrir as janelas de um quarto onde eu estivesse fechada há semanas, (Clarice escreve em uma carta)

 

 

 

O destaque da montagem fica para o entrosamento em cena de Marilene Grama e Simone Evaristo, que transmitem o sentimento de Clarice Lispector (considerada pela crítica uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX) naquele período tão tumultuado de sua vida, tanto que depois daqueles 15 anos sofridos, ela se separou do marido e voltou a morar no Brasil com os filhos. Aos amantes de Clarice Lispector, uma ótima chance de conhecer um pouco mais sobre um período de sua vida. A peça cumpre curta temporada, só até início de fevereiro, programe-se.

 

 

Peça: Minhas queridas, foto 3

Sintonia em cena das atrizes

Roteiro:
Minhas Queridas. Direção e dramaturgia: Stella Tobar. Elenco: Marilene Grama e Simone Evaristo. Trilha original e direção musical: Sérvulo Augusto.
Cenário: Kleber Montanheiro. Figurinos: Carol Badra. Iluminação: Adriana Dham. Vídeos: Stella Tobar. Fotografia: Eduardo Petrini. Diretor de produção: João Luís Gomes.
Serviço:
Sesc Pinheiros, Auditório (98 lugares), Rua Paes Leme, 195, tel. 11 3095-9400.
Horários: de quinta a sábado às 20h30; feriado às 18h. Ingressos: R$30, R$15 e R$9. Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 8 de fevereiro.


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