De em maio 30, 2011
Depois de temporada no Viga Espaço Cênico, Anna Cecília Junqueira volta a encenar Natureza Morta, monólogo de Mário Viana, baseado no quadro de Edward Munch, de mesmo nome.
Com direção de Eric Lenate, dessa vez a montagem está no Miniteatro, o que contribui para o envolvimento maior da plateia: os espectadores praticamente viram cúmplices daquela mulher em crise de consciência. Com o marido morto na cama, ela posa para o pintor ao mesmo tempo em que relata sua vida amorosa. Se no início estava apaixonada por aquele homem sem ambição e que era feliz morando num vilarejo, aos poucos ela se desencanta tanto com o amado como pela vida pacata que viviam. Ela percebe que seu amor havia acabado e que o sonho de conhecer o mundo ainda poderia ser alcançado.
A personagem divaga sobre vida e morte, de forma alegórica e literal. Ela matou o amado ou aquela relação estava matando-a? O sangue em suas mãos é real ou é a tinta vermelha da natureza morta do pintor?
Num texto enxuto e conciso (a peça dura somente 30 minutos), Mário Viana mostra outra vertente de sua dramaturgia, conhecida por comédias rasgadas como Vamos? — em cartaz na cidade. Em Natureza Morta, o drama daquela mulher envolve o espectador; num desabafo, ela confessa que seria insuportável conviver com “a dor de carregar o fim do amor”! Poético e profundo. As reticências e os cortes abruptos da narrativa são o ponto alto da interpretação de Anna Junqueira. Além de uma direção precisa, Eric Lenate também é responsável pela excelente iluminação, elemento fundamental para a narrativa desconcertante daquela mulher.
Foto: Maurício Shirakawa
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