De em abril 9, 2011
A rica cultura popular do Nordeste brasileiro é o mote central da obra do dramaturgo e romancista Ariano Suassuna, autor de clássicos como O Auto da Compadecida e A Pedra do Reino . E em As Conchambranças de Quaderna esse universo dá vida à peça, dirigida pela atriz Inez Viana e que permanece em cartaz no Sesc Vila Mariana até 1º de Maio.
A oralidade típica do povo simples do Nordeste e a poesia sertaneja são o mote do espetáculo, que reúne duas histórias contadas por Pedro Quaderma (vivido por Leonardo Brício), personagem central de Romance d’A Pedra do Reino. Na primeira, há o casamento de duas irmãs, em que o noivo de uma delas resolve no dia do matrimônio mudar de noiva, o que gera a maior confusão. A segunda história, baseada em fato real, é sobre uma mulher que presta queixa às autoridades contra o diabo, que não cumpriu a promessa de levar seu marido para o inferno.
Para quem estranha o título da peça, Suassuna explica que conchambrança é uma corruptela de conchavo. É dessa forma que Quaderma relata suas lembranças, em que fez vários conchavos para resolver as situações a contento, sempre tirando proveito de tudo e de todos.
Ao ser convidada a participar de um festival de teatro, Inez Viana — que já dirigiu documentário sobre Suassuna e organizou seminários sobre o autor — solicitou uma peça ao amigo. Ele apresentou As Conchambranças de Quaderna, dizendo que essa comédia tinha sido encenada apenas por grupos amadores.
“Fiquei radiante com a possibilidade de montar uma peça dele e praticamente inédita. Suassuna, que faz da sua vida a missão de escrever e falar sobre o povo brasileiro, nos ensina que toda cultura universal é primordialmente local. Procurei seguir esta linha e ser fiel ao seu rico universo”, argumenta a diretora.
Vencedor no Rio do Prêmio Shell/10 de melhor direção musical, o espetáculo conta com nove atores e dois músicos que executam a trilha ao vivo. Destaque para o cenário de Nello Marrese, que utiliza placas que reproduzem ilustrações de Ariano Suassuna: elas são manipuladas pelos atores, que dão ritmo à trama, criando uma ilusão de surgimento e desaparecimento em cena.
Foto: Divulgação
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