Peça: Noctiluzes, foto 1

Noctiluzes: peça da companhia de Brasília termina dia 9 de agosto

De em julho 28, 2015

Peça: Noctiluzes, foto 1

Chico Sant’Anna, Sérgio Sartório e Vinícius Ferreira interpretam desconhecidos que se encontram num píer, de madrugada

A premiada Cia.Plágio de Teatro encerra a temporada paulistana do espetáculo Noctiluzes, em cartaz Teatro Pequeno Ato, no próximo dia 9 de agosto. Escrita pelo dramaturgo argentino Santiago Serrano especialmente para o grupo brasiliense, a trama toda se passa num pequeno píer de um vilarejo durante uma madrugada, em que três homens que não se conhecem são obrigados a conviver algumas horas.
À princípio há um constrangimento quando o primeiro homem, vivido por Sérgio Sartório, que está à espera de alguém, vê a chegada do segundo (Vinícius Ferreira), que carrega e não se desgruda de um saco pesado. Eles discutem, mas nenhum deles quer sair dali. O terceiro a chegar é um cego, velho morador do lugar, interpretado por Chico Sant’Anna, que habitualmente passa as madrugadas no píer. O clima entre eles é de atrito e desavenças no início, mas com o passar do tempo as tristes histórias de vida de cada um deles são reveladas e uma transformação acontece aos três.

Peça: Noctiluzes, foto 2

O cego tem premonições e auxilia o novo amigo

Desde o saguão do teatro o público já é envolvido no clima nebuloso e sombrio da trama: a densa fumaça de gelo seco acompanha a entrada dos espectadores até a plateia; no palco um homem nervoso espera pela chegada de alguém que ele não conhece, mas que havia marcado encontro com ele ali. Quem se aproxima do píer é um outro homem que carrega um saco e se irrita com a presença do outro; eles discutem até a chegada do cego, que estranha a presença deles, já que toda a noite é assíduo frequentador do local. Como nenhum deles quer abandonar o píer, são obrigados a conviver e, desta forma, iniciam uma tímida interação. Cada um a seu tempo vai revelando as razões que o levaram até ali e assim os traumas, mágoas, tristezas, anseios, medos e esperanças são compartilhados entre os três.

 

“A peça fala sobre as marcas e cicatrizes que a vida nos cria. Das dores e curas causadas pelas relações. São sentimentos inerentes ao ser humano, porém corrompidos pela vida. Alguns valores incrustados pelos pais e pelo meio, são difíceis de serem quebrados. Somente a colisão destes personagens será capaz de quebrá-los”, assegura o ator Sérgio Sartório, que assina a direção.

 

À distância, é fácil dar uma solução ao problema do outro; tudo parece pequeno, infantil e sem importância. Mas quando são nossos os traumas e limitações, tudo é imenso, insolúvel e angustiante. É este o argumento central que Noctiluzes discute com maestria: o espectador consegue entender o drama que vive cada um daqueles personagens e as dificuldades por que passa cada um deles.

Peça: Noctiluzes, foto 3

Há ao final uma interação entre os personagens

O cenário mínimo, a iluminação que delimita o espaço e a trilha sonora que remete ao ambiente noturno de um ancoradouro conseguem transmitir a dimensão dramática exigida pela trama. O grande destaque fica para a perfeita sintonia e entrosamento em cena dos três atores. Um espetáculo envolvente e de extrema delicadeza. Pena que a temporada em São Paulo foi curta; o espetáculo viaja para o Rio e Salvador, na sequência. Imperdível!

 

 
Fotos:Diego Bresani


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