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O Coração dos homens: monólogo sobre as lembranças de uma mulher

De em outubro 26, 2016

Peça: O Coração dos homens, foto 1

Fernanda Cunha em solo baseado em conto da escritora Veronica Stigger

Em curta temporada, só até o dia 8 de novembro, no Espaço Beta do SESC Consolação, o monólogo O Coração dos homens, interpretado por Fernanda Cunha, é baseado num conto da escritora Veronica Stigger e traz as memórias e reminiscências de uma mulher que viveu a infância e a adolescência em Porto Alegre/RS, em pelo período da ditadura militar, nos anos 1960.
Na montagem criada pelo ator e diretor Henrique Stroeter, tudo acontece muito próximo da plateia, como se a atriz estivesse num divã e os espectadores fossem ao mesmo tempo o analista e seus cúmplices.

Peça: O Coração dos homens, foto 2

Fernanda vive personagem que relata sua infância e adolescência vividas no sul

Ao entrar, o púbico já se depara com a atriz, que está nua e de costas deitada num divã. Após o terceiro sinal, o som ambiente, que reproduz uma chuva torrencial, se sobressai e a atriz inicia o relato de suas lembranças. À medida que vai contando suas histórias, ela também começa a se vestir. São pequenos relatos, sempre com um tom coloquial e toques sutis de humor, o que deixa o espectador à vontade e preso ao enredo. No entanto, a autora sempre termina cada trecho com uma informação incisiva, que incita o espectador a refletir e a reagir ao que acaba de ser dito. Por exemplo: depois de um relato bem humorado sobre um dia em que os gaúchos presenciaram uma pequena nevasca em Porto Alegre, a garota lembra que este foi o dia em que seu pai foi sequestrado, certamente pelos repressores do poder da época.

“O texto sensível de Veronica evidencia tanto um conflito social da personagem como um conflito existencial, características que levam o público a transitar entre a emoção e o estranhamento, favorecendo a reflexão para além do simples envolvimento”, argumenta o diretor.

Além do texto envolvente e provocador, o espetáculo se destaca pela concisão e pela produção muito bem cuidada: cenário e figurino (assinados por Marco Lima) e iluminação (Fran Barros) estão perfeitamente integrados à proposta cênica. Ressalte-se também a bela trilha sonora, assinada por Armando Junior e pelo diretor Henrique Stroeter, que nos remete diretamente à época retratada na trama.
Não perca, mas lembre-se que as sessões acontecem segundas e terças, somente mais duas semanas.

Fotos: Erik Almeida e Matheus José Maria


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