Filme: O Homem das Multidões, foto 1

O Homem das Multidões: filme faz um retrato contemporâneo da solidão

De em agosto 7, 2014

Filme: O Homem das Multidões, foto 1

Paulo André é o condutor de metrô Juvenal, protagonista do filme

Filme: O Homem das Multidões, foto 2

Juvenal tem como supervisora na empresa Margô, vivida por Sílvia Lourenço

Depois de ter percorrido e ser bem recebido em diversos festivais (Berlim, Miami, Toulouse, Guadalajara e Buenos Aires) — além do prêmio de direção no Festival do Rio/2013 —, O Homem das Multidões, filme escrito e dirigido por Marcelo Gomes e Cao Guimarães, acaba de estrear na cidade.
Inspirado no conto “The Man of the Crowd” de Edgar Allan Poe, o roteiro enfoca a trajetória de vida de Juvenal, vivido por Paulo André, um condutor de metrô que mora só e se sente bem quando se mistura na multidão da cidade. Em contraposição a ele, a outra personagem é Margô, interpretada por Sílvia Lourenço, supervisora de Juvenal na empresa e que também é uma pessoa solitária, que se refugia nas relações virtuais. Ela vive com o pai (Jean-Claude Bernardet) e é a única amiga de Juvenal, apesar dos encontros entre eles haver mais silêncio e trocas de olhares e sensações do que diálogo.
O filme se passa em Belo Horizonte, mas o que menos importa no enredo é o local, poderia ser em qualquer grande cidade. O essencial da trama é salientar a solidão urbana por meio da vida dos dois personagens. Juvenal mora num apartamento com o mínimo de móveis e utensílios e sempre está ensimesmado e quando fala é por monossílabos; sente-se bem quando se mistura entre as pessoas pelas ruas da cidade. Já Margô é falante, mas suas relações se restringem às redes sociais (conheceu o noivo numa sala de bate papos da internet). O enredo é recheado de silêncios e quando Juvenal e Margô se encontram, a falta de palavras é o que prevalece entre eles, há até um constrangimento quando ela o visita. A contra gosto, Juvenal aceita ser padrinho de casamento de Margô e aí surge outro elemento do filme: um humor sutil e muito particular.

Para enfatizar a solidão e o isolamento dos personagens, os diretores optaram pelo formato quadrado das imagens, o que no início da projeção provoca um estranhamento, mas com o passar da história o espectador se acostuma e entende o porquê da escolha. As pessoas que moram só (como é o meu caso) vão se identificar muito com O Homem das Multidões, principalmente por algumas manias e procedimentos que Juvenal mantém quando está em seu apartamento. A trilha sonora é elemento fundamental para a narrativa e a canção Copo Vazio, de Gilberto Gil, fecha e conclui a trama. Delicie-e agora com a sensível interpretação do poeta baiano para a sua composição:

 

 

 

Fotos: divulgação

 


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