Peça: O Jardim das Cerejeiras, foto 1

O Jardim das Cerejeiras: peça de Tchekhov marca 40 anos do Grupo TAPA

De em janeiro 15, 2019

Peça: O Jardim das Cerejeiras, foto 1

Sergio Mastropasqua, Clara Carvalho e Brian Penido Ross estão à frente do elenco de 14 atores

Com uma montagem sensível e delicada da última peça escrita pelo dramaturgo russo Anton Tchekhov, O Jardim das Cerejeiras, o grupo TAPA inicia as comemorações de seus 40 anos de existência.

Sob a direção de Eduardo Tolentino de Araujo e no mesmo teatro em que a companhia residiu por 15 anos — o Teatro Aliança Francesa— o grupo encena este clássico da dramaturgia universal, em que uma família aristocrática e decadente da Rússia, no início do século XX, resiste em vender a propriedade que abriga um lindo e improdutivo jardim de cerejeiras para saldar as dívidas. Um homem de negócio, de origem camponesa, tem interesse nas terras e tenta convencer os antigos patrões a transformar a fazenda num polo turístico. Clara Carvalho, Brian Penido Ross e Sergio Mastropasqua lideram o elenco de 14 atores.

Peça: O Jardim das Cerejeiras, foto 2

Anna Cecília Junqueira é a filha de Liuba (Clara) e sobrinha de Gaev (Ross)

 

Tchekhov morreu aos 44 anos, em 1904, mas teve a chance de assistir a estreia de sua última peça, dirigida por Constantin Stanislavsky, que deu ênfase ao tom trágico do texto, que marca o fim da era aristocrática de uma Rússia pré-revolução de 1917. Para o diretor do grupo TAPA, há muitas semelhanças com os tempos em que vivemos:

 

 

“Como é próprio dos jardins que renascem a cada primavera, nada mais oportuno este projeto hoje, diante de um mundo que passa pela profunda transformação da era industrial para a digital. Nada mais instigante e desafiador do que enfrentar esse texto que há anos povoa nossos sonhos. É como fechar um ciclo, sobrepor o amadurecimento de um autor com o de um grupo de teatro”, argumenta Eduardo Tolentino de Araujo, sobre a montagem que marca os 40 anos da companhia.

 

 

A trama começa com a chegada da família à fazenda: além de serem recepcionados pelos empregados e por Vária (Anna Cecília Junqueira), filha adotiva, Liuba (Clara), seu irmão Gaev (Brian) e sua filha Ânia (Gabriela Westphal) fazem questão de visitar as cerejeiras logo ao amanhecer. Mesmo totalmente improdutiva, a fazenda tem um valor sentimental para todos. Liuba, principalmente, se nega a conceber a ideia da venda da propriedade, por mais que Lopakhin (Mastropasqua) insista no projeto de transformar tudo num balneário para veranistas.

 

O tom melancólico e saudosista dos familiares se contrapõe ao olhar pragmático do homem de negócio, que representa a emergente classe média russa, vista como ameaça aos valores aristocráticos. A peça foi concebida para quatro atos, mas o diretor dilui estas transformações com a mudança de cenário feita pelos próprios atores e com uma iluminação sutil. Os figurinos também acompanham a narrativa, de um branco puro e até ingênuo (posição da matriarca) para um preto duro e austero (a despedida e a entrega da fazenda ao final).

Peça: O Jardim das Cerejeiras, foto 3

Clara e Sergio dão vida a personagens de temperamentos opostos

Além da dramaturgia de Tchekhov que traça um perfil de um momento histórico, a montagem do TAPA é de extrema delicadeza e sensibilidade. Outro destaque é a sintonia em cena do elenco, constituído de várias gerações; no entanto, Clara Carvalho e Sergio Mastropasqua se sobressaem graças à entrega a seus personagens de temperamentos e visões de mundo completamente opostos. Guilherme Sant’Anna, na pele do criado ancião, também emociona.
Espetáculo vigoroso à altura da brilhante carreira do grupo TAPA. Um início promissor da temporada teatral paulistana 2019!

Roteiro:
O Jardim das Cerejeiras
. Texto: Anton Tchekhov. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: Adriano Bedin, Alan Foster, Alexandre Martins, Anna Cecília Junqueira, Brian Penido Ross, Clara Carvalho, Gabriela Westphal, Guilherme Sant’Anna, Mariana Muniz, Natália Beukers, Paulo Marcos, Riba Carlovich, Sergio Mastropasqua e Zécarlos Machado. Figurinos: Rosângela Ribeiro. Iluminação: Nelson Ferreira. Designer gráfico: Mau Machado. Fotografia: Ronaldo Gutierrez. Produção executiva: Ariel Cannal.
Serviço
:
Teatro Aliança Francesa (226 lugares), Rua General Jardim 182, tel. 11 3572-2379. Horários: de quinta a sábado às 20h30 e domingo às 19h. Ingressos: quinta e sexta R$ 30, sábado e domingo: R$ 60. Bilheteria: abre 2h antes do início dos espetáculos. Vendas: www.ingressorapido.com.br ou 4003-1212. Duração: 120 min. Classificação: 12 anos. Temporada: até 24 de fevereiro.


2 Comentários

Fábio Mráz

janeiro 16, 2019 @ 13:36

Resposta

Maravilhoso! Uma bela maneira de comemorar os 40 anos desse grupo fundamental do teatro! Evoé!

Maurício Mellone

janeiro 17, 2019 @ 14:34

Resposta

Fábio:
com certeza, ótima escolha do Tolentino e seu TAPA.
Obrigado pela presença constante por azqui no Favo.
Bjs e aguardo sua estreia nos palcos para q vc mude de
lado: de comentarista do Favo para ator que recebe
uma resenha/crítica! bjs

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