De Maurício Mellone em agosto 22, 2016
Infelizmente uma realidade dos nossos dias: o número de portadores de mal Alzheimer é cada vez maior! E como lidar com aquele que sempre foi o provedor da casa e das nossas vidas quando ele apresenta os primeiros sintomas desta doença devastadora e os sinais mais graves da perda de memória?
Este o mote central da peça O Pai, do dramaturgo francês Florian Zeller, em cartaz no MASP, com Fulvio Stefanini, que está comemorando 60 anos de carreira, como protagonista.
“Não é sempre que encontramos um texto tão inteligente, tão sensível e tão teatral. Sua narrativa leva a diversas reflexões sobre o relacionamento de uma família desmantelada pelo destino, por vezes tão cruel. Um personagem difícil de realizar e por isso mesmo tão estimulante. Um presente para um ator que, como eu, já passou da puberdade”, dispara Fulvio Stefanini.
Escrita em 2012 e por tratar de um tema tão próximo — quem não tem alguém na família ou um conhecido com o problema de demência e perda de memória —, a peça já foi encenada em diversos países, como França (onde foi premiada), Inglaterra, Estados Unidos, Argentina e ganha agora sua primeira versão brasileira, com tradução de Lenita Aghetoni e da atriz Carolina Gonzalez, que vive a filha do personagem central.
Mais do que constatar a evolução da doença de André (Fulvio), o que mais chama a atenção na trama é o jogo proposto pelo autor, em que o espectador também é surpreendido com as confusões e vacilos de memória do personagem. Com um cenário móvel e criativo (assinado por André Cortez), as situações são repetidas, com sutis alterações, o que induz a plateia a acreditar na versão de André.
“A obra trata a relação humana de forma sutil e delicada. E ao mesmo tempo tem perfeita fusão entre forma e conteúdo, com a capacidade de colocar no espectador o mesmo olhar do protagonista. Abordar este tema desta maneira é fundamental para nossa própria compreensão”, diz o diretor Léo Stefanini, filho de Fulvio.
A principal questão do espetáculo é como saber lidar com a transformação ocorrida na vida daquele ente querido, que até pouco tempo atrás era o responsável pela vida de todos da família, mas que de uma hora para outra deixa de ter noção dos pormenores do próprio cotidiano! Fiquei extremamente emocionado ao identificar no personagem de Fulvio muitos dos pais de minhas amigas, que invariavelmente agem como a personagem de Carolina Gonzalez.
Um verdadeiro choque de realidade, mas que também é tratado com poesia, humor e leveza — as cenas em que André dança sapateado são tocantes!
Destaque para a comovente atuação de Fulvio, que com coragem e despojamento, mostra a decrepitude do personagem. Além de Stefanini e Carolina, completam o elenco Lara Córdulla, Carol Mariottini, Paulo Emílio Lisboa e Wilson Gomes.
Fotos: João Caldas Fº
4 Comentários
Marialice
abril 22, 2023 @ 22:46
Joselita,
Acabei de saber que a peça “O pai” vai voltar a ser exibida no teatro UOL, a partir de 5 de maio, no shopping Higienópolis.
Maurício Mellone
abril 24, 2023 @ 11:55
Marialice:
q bom saber. Infelizmente o Mal de Alzheimer e as demências
afetam muitas pessoas atualmente.
O tema da peça pode contribuir na reflexão sobre a doença e como
lidar com os pacientes, geralmente nossos parentes mais idosos.
Fulvio Stefanini emociona em cena!
Muito obrigado pela visita e a dica
abr
Joselita
janeiro 31, 2017 @ 22:23
esta peça (O pai) já saiu de cartaz? Em caso negativo, onde está em cartaz?
Maurício Mellone
fevereiro 1, 2017 @ 10:19
Joselita,
a peça com o Fulvio já saiu de cartaz e
não voltou neste ano de 2017, infelizmente.
Obrigado por sua visita, volte outras vezes, terei o
maior prazer em recebê-la
abr