Peça: O Rei da Vela, foto 1

O Rei da Vela: últimas apresentações da montagem clássica do Oficina

De em novembro 15, 2017

Peça: O Rei da Vela, foto 1

Renato Borghi retoma o personagem que viveu na primeira versão da peça, há 50 anos

São vários os motivos de comemoração. A lendária montagem da peça de Oswald de Andrade, O Rei da Vela, pelo Teatro Oficina completou 50 anos e neste final de semana, no SESC Pinheiros, a temporada que celebra a data chega ao fim. Com direção de Zé Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi à frente do elenco — ambos remanescentes da primeira versão e festejando 80 anos de vida —, a peça conta ainda com a participação de Helio Eichbauer, responsável pelos cenários com palco giratório e painéis artísticos idênticos ao de 1967.
Infelizmente o inescrupuloso banqueiro e agiota Abelardo I, submisso ao capital estrangeiro, continua atual e a crítica mordaz de Oswald de Andrade à sociedade brasileira, também. Esta pequena temporada de celebração (a peça estreou dia 21 de outubro) contou sempre com plateias lotadas e dificuldade para encontrar ingressos.

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Painel original do cenário de Helio Eichbauer

A peça foi escrita em 1933 e publicada  quatro anos depois. Para Zé Celso, ela fez uma radiografia do país, revelando a podridão da nossa sociedade. A montagem do teatro Oficina mantém os três atos originais (com 3h30 de duração) e a crítica feroz à sociedade, além do tom corrosivo às elites.

“O espetáculo foi uma desenfreada descoberta crítica do Brasil, uma implacável e impiedosa revisão de valores. O Rei da Vela transformou-se numa bandeira radical, num manifesto político cultural, explosivo e criativo. Todo o irrefreável e desmedido vômito ganhou uma estrutura orgânica trabalhada em seus mínimos detalhes”, argumenta o diretor.

A peça começa no escritório de usura de Abelardo & Abelardo, com o banqueiro e agiota Abelardo I (Borghi) recebendo uma vítima que vem pedir uma revisão de sua dívida, porque não tem condições de pagá-la devido aos juros estratosféricos cobrados— triste ironia, situação tão comum nos dias atuais! O agiota, por sua vez, faz negócio para comprar um brasão de uma família falida pela crise do café e casa-se com Heloísa Lesbos (Sylvia Prado), a filha do decadente patriarca. Submisso ao capital do Americano (Elcio Nogueira Seixas), Abelardo I leva um golpe de seu antigo funcionário, Abelardo II (Tulio Starling), que o substitui na manutenção da usura do capital.

Duas últimas apresentações desta histórica montagem. Além do texto mordaz e irônico de Oswald e a montagem já clássica de Zé Celso, destaque para a atuação visceral de Renato Borghi na pele do agiota cínico e cafajeste.

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O ator e diretor Zé Celso Martinez Corrêa

 

 

Roteiro:
O Rei da Vela
. Texto: Oswald de Andrade. Direção: Zé Celso. Conselheira poeta: Catherine Hirsh. Assistente de direção: Cyro Morais. Elenco: Renato Borghi, Zé Celso, Marcelo Drummond, Camila Mota, Danielle Rosa, Elcio Seixas, Joana Medeiros, Regina França, Ricardo Bittencourt, Roderick Himeros, Sylvia Prado, Tony Reis, Tulio Starling e Vera Barreto Leite. Diretor de arte: Hélio Eichbauer.  Arquitetura cênica: Carila Matzenbacher e Marília Gallmeister. Figurino: Gabriela Campos. Iluminação: Beto Bruel. Trilha sonora: Andréia Regeni. Fotografia: Jennifer Glass. Diretor de vídeo e câmera: Igor Marotti. Produtor executivo: Anderson Puchetti.
Serviço:
SESC Pinheiros, Teatro Paulo Autran (1.010 lugares), Rua Paes Leme, 195, tel. 11 3095.9400. Horários: sábado às 19h e domingo às 18h. Ingressos: de R$ 50 a R$ 15. Bilheteria: terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10h às 18h. Duração: 3h30. Classificação: 16 anos. Temporada: até 19 de novembro.


2 Comentários

Dinah Sales de Oliveira

novembro 15, 2017 @ 16:53

Resposta

Maurício,
Ainda não foi desta vez que consegui assistir ao Rei da Vela, infelizmente!
Como vc bem disse na resenha, muita procura e plateias lotadas.

Agora, é contar com a continuidade em outro espaço.

bj.
Dinah

Maurício Mellone

novembro 17, 2017 @ 12:14

Resposta

Dinah,
tomara q o Teatro Oficina dê continuidade
à montagem. Na sede deles terá de ser com adaptações,
pois o cenário (palco giratório) original acredito
q não possa ser montado lá
bjs e obrigado pela visita

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