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Os dois e aquele muro: o tenso e atraente encontro entre dois homens

De em julho 9, 2016

Peça: Os dois e aquele muro: foto 1

Luciano Gatti e Plínio Soares na pele de Jonas e Lúcio, que se conhecem na internet e travam embate entre a vida e a morte

Alta tensão entre os personagens é o que prevalece em Os dois e aquele muro, peça do dramaturgo baiano Ed Anderson, dirigida por Francisco Medeiros, em cartaz no Espaço dos Fofos. Lúcio e Jonas, interpretados respectivamente por Plínio Soares e Luciano Gatti, têm o primeiro contato por meio da internet, trocam algumas mensagens e resolvem se conhecer. Marcam o primeiro encontro num bar e, coincidentemente, é aniversário de Jonas, que está completando 36 anos. Ao invés de um clima de festa e alegria, o que fica evidente entre eles é um jogo misterioso, que mistura sedução, poder, interesse e rivalidade. Depois dos primeiros drinks, eles resolvem ir para o apartamento de Lúcio, onde o misto de tensão, atritos e atração só se intensifica.

 

 “O encontro entre duas pessoas no mundo de hoje ocorre com muita frequência no território da disputa de poder. É cada vez mais comum vermos que nós, da espécie humana, buscamos o sentido do encontro na necessidade de submeter, subjugar, vencer. Uma guerra, um jogo implacável, em que há quase sempre só duas opções: viver ou morrer, ganhar ou perder”, argumenta Francisco Medeiros.

Peça: Os dois e aquele muro, foto 2

Personagens vivem jogo que mistura sedução e poder

O diretor imprime desde as primeiras cenas o clima de tensão: com uma iluminação diminuta bem característica de bares e casas noturnas, o primeiro encontro entre Lúcio e Jonas é recheado de questionamentos, evasivas e um tanto de estranhamento entre eles; só depois de alguns goles eles começam a se soltar, mas o mistério permanece. Jonas cobra a encomenda prometida e Lúcio diz que não trouxe, que ela está no seu apartamento. Com esta desculpa, ele convence o jovem a ir até sua casa e só então o espectador percebe que a encomenda é uma arma, que provoca verdadeiro fascínio em ambos. Mais bebida, devaneios e é impossível conter o forte vínculo de atração criado entre eles. No entanto, a rivalidade e a relação de poder perduram até o último instante entre Lúcio, o mais velho e corrosivo, e Jonas, o mais jovem, sedutor e misterioso. A tensão entre os personagens é reforçada, o que deixa a plateia atenta e à espera do desfecho.
O autor confessa que escreveu a peça há 15 anos, mas a considera muito atual, pois o distanciamento entre as pessoas perdura:

 

 “Nas últimas estações não foram poucos os muros erguidos ao diálogo e raros os demolidos. Este texto fala dos sabores do desejo, sedução e alteridade, detrás de uma trincheira com dois safos competidores, porém sem vencedores ou vencidos. Que cada um de nós saiba lidar com presteza no uso de seu ‘tijolo’”, diz Ed Anderson.

Peça: Os dois e aquele muro, foto 3

Trama de Ed Anderson dirigida por Francisco Medeiros

 

 

 

 

Além da trama envolvente e a direção afinadíssima, a iluminação de Domingos Quintiliano e os cenários e adereços de Heron Medeiros (módulos que os próprios atores movimentam na troca de cenas) contribuem para o desenrolar da tensa narrativa de Os dois e aquele muro. Apresentações de segunda a quarta, até o dia 03 de agosto. Não deixe de conferir.

 

 

 

 

 

 

 

Fotos: Bob Sousa



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