Peça: Os sete afluentes do Rio Ota, foto 1

Os Sete Afluentes do Rio Ota: épico revê últimos 50 anos do século XX

De em novembro 6, 2019

Peça: Os sete afluentes do Rio Ota, foto 1

Caco Ciocler e Marjorie Estiano dão início ao épico de Robert Lepage

 

 

 

Uma superprodução, sob a direção de Monique Gardenberg, com 15 atores em cena, o épico do canadense Robert Lepage, Os Sete Afluentes do Rio Ota, está de volta aos palcos depois de 17 anos. Como da primeira montagem, o Teatro Paulo Autran do SESC Pinheiros abriga o espetáculo, que remonta a saga de uma família vítima da bomba atômica em Hiroshima, em 1945, e acompanha a trajetória de seus descendentes até o início deste nosso século.

 

 

Com mais de 5 horas de duração, o espetáculo conta com um prólogo e sete capítulos — Fotografias/Hiroshima, 1945, Jeffreys 2/Nova York, 1965, Palavras /Osaka, 1970, Um casamento/Amsterdã, 1985, O Espelho/Hiroshima, 1986 e Polônia, 1943, A Entrevista/Hiroshima, 1995/ e Trovão/Hiroshima, 2000. A trama, portanto, se passa entre várias cidades e continentes e abrange os últimos 50 anos do século XX, numa reflexão sobre a vida e a morte, ressaltando as inquietações e expectativas do ser humano. O elenco de 15 atores se divide em diversos personagens, com destaque para a atuação de Caco Ciocler, Giulia Gam, Marjorie Estiano, Jiddu Pinheiro, Helena Ignez, Johnny Massaro e Bel Kowarick.

 

 

 

 

Peça: Os sete afluentes do rio Ota, foto 2

Jiddu Pinheiro e Caco interpretam os irmãos Jeffrey

 

Muito conhecida como cineasta — dirigiu entre outros longas-metragens Jenipapo/1996, Benjamim/2003 e Ó Paí Ó/2007—, a baiana Monique Gardenberg imprime plasticidade à peça: com o uso de vídeos e legendas para os diversos idiomas ao lado da sensível iluminação de Maneco Quinderé e do rico cenário do saudoso Hélio Eichbauer, ela ressalta a poesia e a delicadeza do texto épico do dramaturgo canadense.

 

 

 

 

O espectador é enredado para a história desde a primeira cena e a cada capítulo vai juntando as peças deste enorme quebra-cabeça. Desta forma, vê o início do romance entre o militar norte-americano e a vítima da bomba atômica, em 1945, depois acompanha os dois filhos deste mesmo militar que se conhecem em Nova York 20 anos depois e assim sucessivamente até conhecer o neto daquele militar que fotografou o interior das habitações japonesas depois da explosão nuclear.

 

 

“Quando vi espetáculo de Lepage em 1996, tive a certeza de estar diante de uma obra-prima, de uma experiência teatral sem precedentes, em que o teatro transcende o palco, as limitações técnicas para viajar pelo tempo e pelo espaço. Ao atravessar os últimos 50 anos do século XX, esta obra nos revela, com toda a poesia e delicadeza, nossa comovente insignificância e complexa humanidade”, diz Monique Gardenberg.

 

 

 

 

 

 

Peça: Os sete afluentes do rio Ota, foto 3

Caco, Jiddu e Chandelly Braz: cena comovente que finaliza primeira parte da peça

Sem dúvida Os Sete Afluentes do Rio Ota é um marco da dramaturgia contemporânea. Assim como a produção brasileira, o autor canadense acaba de reestrear a peça em Moscou/Rússia. Para Gardenberg, “os tempos obscuros pelo qual o mundo passa” talvez tenha sido a motivação para as duas remontagens. Por aqui o espetáculo fica em cartaz até 1º de dezembro. Apresentada em dois atos (um intervalo de 20 minutos), a produção encerra a primeira parte de forma contundente: a opção encontrada pelo personagem vítima de Aids causa uma emoção superlativa! Na volta do intervalo, a trama não consegue manter o mesmo tom e algumas cenas se arrastam. Um corte severo deixaria a peça num ritmo mais adequado e menos cansativo.

 

 

 

 

No entanto, mesmo com mais de 5 horas de duração, a encenação é grandiosa, envolvente. A interpretação e sintonia do numeroso elenco é o maior suporte da montagem. Destaque para sensível e emocionante performance de Caco Ciocler (incrível sua versatilidade em cena), assim como de Giulia Gam e Helena Ignez. Johnny Massaro e Jiddu Pinheiro também estão surpreendentes, e Marjorie Estiano, que vive uma introspectiva e tímida japonesa e depois uma repórter audaciosa e fútil, mostra a força de seu talento. Prepare-se para uma verdadeira maratona dramatúrgica, mas que vale a pena.

 

Peça: Os sete afluentes do rio Ota, foto 4

Chandelly e Johnny Massaro encerram a saga

Roteiro:
Os Sete Afluentes do Rio Ota. Texto: Robert Lepage. Direção e adaptação: Monique Gardenberg. Elenco: Bel Kowarick, Caco Ciocler, Chandelly Braz, Charly Braun, Giulia Gam, Helena Ignez, Jiddu Pinheiro, Johnny Massaro, Ligia Yamaguti, Lorena da Silva, Madalena Bernardes, Marjorie Estiano, Sergio Maciel, Silvia Lourenço e Thierry Tremouroux. Codireção: Michele Matalon. Cenário: Hélio Eichbauer. Figurino: Marcelo Pies. Iluminação: Maneco Quinderé. Visagismo: Sonia Penna. Trilha sonora:José Augusto Nogueira.Fotografia: André Gardenberg. Direção de movimento: Marcia Rubim. Produção executiva: Ciça Castro Neves. Produção: DUETO.
Serviço:
SESC Pinheiros, Teatro Paulo Autran (1010 lugares), Rua Paes Leme, 195, tel. 11 3095.9400. Horários: de quinta a domingo às 18h. Ingressos: de R$ 15 a R$ 50. Bilheteria: de terça a sábado das 10h às 21h; domingo e feriados das 10h às 18h. Vendas online no site do Sesc. Duração: 300 minutos (com intervalo de 20 minutos). Classificação: 14 anos. Temporada: até 1º de dezembro.


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