De Maurício Mellone em agosto 13, 2024
Depois de curta temporada no Sesc Pompeia, o monólogo Quase Infinito, do ator João Paulo Lorenzon, está de volta à cidade, desta vez no Teatro FAAP. Com direção de Elcio Nogueira Seixas, o espetáculo é inspirado no universo do escritor argentino Jorge Luis Borges e Lorenzon também assina a dramaturgia.
O solo é dividido em cinco atos — O ódio, O nada, A incomunicabilidade, O esquecimento e O jardim —, todos representando as dificuldades do ser humano diante da vida. Cada ato do espetáculo é protagonizado por um personagem, o matador que corre sobre um trem em movimento, buscando alguém por entre os vagões para derramar seu ódio, o palhaço preso a uma corrente é sugado para dentro do buraco negro do nada, o prisioneiro acuado em uma jaula que tenta fugir dos olhos implacáveis que clamam por seu fuzilamento, o amante preso na repetição de seu erotismo enquanto é invadido pelo esquecimento e, por fim, um homem que renasce no próprio jardim, a partir de novas angulações, como todos nós.
O ator e dramaturgo João Paulo Lorenzon pela terceira vez recorre a Borges para criar seus espetáculos. Em 2008 encenou Memória do mundo, também dirigido por Elcio Nogueira Seixas, em que o foco era a solidão como fonte de prazer e criatividade. Já em 2012, com codireção de Karim da Hora, encenou Eu vi o sol brilhar em toda a sua glória, em que refletia sobre a memória e o esquecimento, a luz e a cegueira, o sonho e a realidade e, principalmente, sobre a vida e a morte.
Com Quase Infinito, Lorenzon retoma a parceria com Seixas e ambos se debruçaram sobre o universo do escritor argentino. No programa da peça há uma síntese do espetáculo: “Em cada ato humano há um corpo em luta, lançado à busca de realizar a própria existência, e ao mesmo tempo, à beira de se entregar ao gozo da própria miséria”.
Além da profundidade do texto, o espetáculo é de uma plasticidade extrema, que envolve o espectador; o texto dito pelo ator no centro do palco é valorizado pela grandiosidade do cenário, assinado por Márcia Moon, aliado à criativa iluminação de Lúcia Chedieck e à sensível trilha sonora de Marcelo Pellegrini. Lorenzon mais uma vez tem uma atuação marcante.
Roteiro:
Quase Infinito. Inspirado no universo de Jorge Luis Borges. Dramaturgia e atuação: João Paulo Lorenzon. Direção: Elcio Nogueira Seixas. Cenografia: Márcia Moon. Iluminação: Lúcia Chedieck. Trilha original: Marcelo Pellegrini. Direção de vídeo e videomapping: André Grynwask e Pri Argoud – Um Cafofo. Fotografia: Maurizio Mancioli. Produção executiva: Martha Lozano.
Serviço:
Teatro Faap (40 lugares), Rua Alagoas, 903, tel. 11 3662-7233. Horários: sexta e sábado às 20h20 e domingo às 18h. Ingressos: R$ 120 e R$ 60. Duração: 75 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 22 de agosto.
4 Comentários
Sergio Ricardo Campoy
agosto 18, 2024 @ 00:43
Brilhante, único, original, preciosa obra de arte. Presente inesquecível para quem tiver a sorte de estar na plateia generosa do Teatro FAAP, que tem o poder de colocar ator e espectador tão próximos, numa verdadeira catarse onde Deuses e Musas imperam.
Maurício Mellone
agosto 18, 2024 @ 09:36
Sergio,
obrigado pela visita aqui no Favo.
O solo do Lorenzon realmente emociona.
Volte outras vezes
Abr
Roberto Fajer
agosto 17, 2024 @ 07:06
Santos SP teria um entusiasta e numeroso publico para essa extraordinaria peça teatral…teatro sugerido Sesc Santos…meus parabéns a todos !!!
Maurício Mellone
agosto 18, 2024 @ 09:38
Roberto:
Tomara q Quase Infinito faça
trurnê e inclua Santos.
Obrigado pela visita ao Favo, volte outras vezes.
Abr