De Maurício Mellone em outubro 6, 2017
Nascida em Portugal, na cidade do Porto em 1935, Maria Ruth dos Santos chegou ao Brasil ainda adolescente. Aqui se casou com o dramaturgo Henrique Escobar, que a levou para a França, onde fez cursos de interpretação. No final dos anos 1950, Ruth Escobar já estava de volta ao país e sua carreira teatral deslanchou. A atriz, sempre engajada nas causas populares, participou de montagens teatrais na periferia de São Paulo e já na década de 1960 criou o teatro que leva seu nome, no Bixiga, onde montou espetáculos de dramaturgos de renome internacional, como Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht, O Balcão de Jean Genet, Torre de Babel dirigida por Fernando Arrabal e a emblemática Roda Viva, de Chico Buarque, que sofreu ataques do CCC(Comando de Caça aos Comunistas), em plena ditadura militar brasileira.
Sempre disposta a lutar pela liberdade e pelos direitos humanos, Ruth Escobar foi uma das primeiras a gritar contra a opressão às mulheres. Além de sua resistência política no meio artístico, Ruth foi eleita deputada estadual em duas legislaturas (de 1983 a 1991). Outro marco de sua carreira foi a criação de festivais de teatro; primeiramente em 1974 com o Festival Internacional de Teatro, em que trouxe ao país celebridades como Bob Wilson. Em 1982 coordenou o Festival Nacional de Mulheres nas Artes, que reuniu mais de 600 espetáculos, com 10 mil espectadores. Sua militância feminista a levou a participar de comitê na ONU contra a discriminação às mulheres.
Afastada da vida pública desde o início dos anos 2000, quando foi diagnosticada com Mal de Alzheimer, Ruth Escobar faleceu ontem na capital paulista, deixando quatro filhos. A atriz, produtora e militante política deixa uma lacuna incomensurável. Grande perda para a cultura brasileira.
Fotos: divulgação
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