De Maurício Mellone em outubro 13, 2014
Baseado no livro Trash de Andy Mulligan, o filme do diretor inglês Stephen Daldry, Trash- A Esperança Vem do Lixo, ambienta a história num lixão do Rio de Janeiro. Tudo começa com uma fuga de José Angelo, interpretado por Wagner Moura, que ao se ver encurralado num cerco policial, joga sua carteira no lixo, que é levado em seguida para o lixão da cidade. As pessoas que trabalham no lixão (todo construído cenograficamente) não são atores profissionais, inclusive Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein, que vivem os garotos Raphael, Gardo e Rato, que acham a carteira e resolvem desvendar os mistérios que ela guarda.
Mesmo sem saber o que aquela carteira pode desencadear, os meninos negam diante do policial Frederico, vivido por Selton Mello, que acharam algo de valor. Mas intrigados com uma chave de guarda-volumes de rodoviária que estava na carteira, os moleques começam a juntar as pistas e tentam descobrir alguns enigmas, como os números e códigos que estão anotados no verso de fotos da filha de José Angelo, que estavam na carteira.
Os garotos pedem sempre ajuda ao padre Julliard (Martin Sheen) e à professora de inglês (Rooney Mara), que trabalham numa ONG na favela onde eles moram; mesmo sem saber falar direito o português, tanto o padre como a professora conseguem orientar e ajudar os meninos.
Aos poucos o espectador entende que José Angelo era assessor de um político corrupto e para denunciar o chefe, esconde uma fortuna em dinheiro e tenta fugir, mas é desmascarado e na fuga joga a carteira com as provas e é morto pela polícia, que também faz parte da quadrilha liderada pelo político.
A trama policial — com roteiro escrito pelo diretor e por Richard Curtis —, contém os ingredientes clássicos do gênero, como perseguições mirabolantes aos garotos (cenas eletrizantes dos guris correndo pela favela e pela cidade) e investigações misteriosas, com a tradicional dualidade entre o bem e o mal, o bandido e o mocinho. No entanto, como bem sabemos, aqui no Brasil esta distinção é tênue e no caso de Trash- A Esperança Vem do Lixo fica claro que político, policial, bandido, traficante estão interligados no mundo do crime.
A crítica ao sistema de corrupção e lavagem de dinheiro do país não é tão incisiva. E o final, mesmo com a menção aos movimentos sociais de 2013, revela uma visão distorcida da realidade brasileira, com soluções que beiram à ingenuidade, talvez pelo olhar de estrangeiro dos roteiristas. Destaque para a atuação dos garotos Rickson, Eduardo e Gabriel, que imprimem verdade e autenticidade aos guris dos morros cariocas.
Fotos: divulgação
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