Um jardim para Tchekhov: peça de Pedro Brício mescla realidade/ficção

De em novembro 22, 2024

 

 

Elenco: Iohanna Carvalho, Olivia Torres, Leonardo Medeiros, Maria Padilha e Erom Cordeiro

 

 

Texto original do dramaturgo e ator carioca Pedro Brício, Um jardim para Tchekhov, mistura gêneros (comédia e drama), passado e presente, Brasil e Rússia, além de realidade e ficção. O mote central é a saga de Alma Duran, uma atriz desempregada, vivida por Maria Padilha, que sonha em montar o clássico de Anton Tchekhov, O Jardim das Cerejeiras. Ela passa a morar no apartamento de Isadora, a filha médica (Olivia Torres) e de seu genro Otto, um delegado de polícia, interpretado por Erom Cordeiro, e resolve plantar cerejas no playground do edifício, em pleno Rio de Janeiro. Lá dá aulas para Lalá, uma atriz iniciante (Iohanna Carvalho), e tem encontros inusitados com um homem que se diz ser o dramaturgo russo Anton Tchekhov, papel de Leonardo Medeiros.

 

 

Com direção de Georgette Fadel, o espetáculo já passou por Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro e cumpre temporada no CCBB/SP até início de dezembro. Devido ao sucesso, a peça passou a ter duas sessões aos sábados, às 16h e às 18h30.

 

 

 

 

Leonardo e Maria: sintonia e delicadeza em cena

 

Na cena inicial Alma aparece com várias malas e fala de sua decisão de morar com a filha e o genro e, principalmente, de seu sonho de montar o clássico de Tchekhov. O espectador já percebe a dualidade do texto: a dura realidade da atriz que há três anos não trabalha, está sem dinheiro e sem teto para morar. No entanto ela nunca deixou de alimentar suas fantasias e o desejo de estar sempre no palco. Se Alma vive no mundo dos sonhos, Isadora e Otto têm suas obrigações e encargos do cotidiano; o atrito entre eles é inevitável.

 

 

 

 

 

 

Veterana atriz passa a morar com a filha e o genro

 

O contraponto desta situação doméstica tem dois polos: primeiro com as aulas da atriz veterana para Lalá e, o mais inusitado, são os encontros de Alma com Tchekhov. Nestes momentos da trama, a fantasia corre solta, pois além das diferenças na linha do tempo, ambos os personagens vivem em países muito distantes.

 

 

 

 

 

“Tem uma distância com o tempo que às vezes parece anacrônica e ao mesmo tempo não. Há ainda a distância da Rússia e do Brasil, que são países muito diferentes, mas com semelhanças (são países continentais e o temperamento do russo e o do brasileiro são parecidos). A peça tem esse jogo de aproximação e distanciamento que é muito interessante, muito teatral”, afirma Pedro Brício.

 

 

 

 

Para a direção, o vento tem efeito de passagem do tempo

 

 

O grande destaque da montagem fica para a agilidade impressa pela direção para se contar a saga de Alma — as cenas exigem que os personagens saiam do palco, se dirijam à coxia, passando pela plateia. Segundo a diretora, a peça nos convida a refletir sobre o caráter efêmero da vida:

 

 

 

 

 

“A cenografia, em constante movimento, como um jardim balançado pelo vento, simboliza a fragilidade e a beleza da existência. Os bonecos ‘João Bobo’ representam a humanidade em suas alegrias e tristezas, enquanto o vento, personagem onipresente, nos lembra da passagem do tempo”, diz Georgette Fadel.

 

 

 

Texto mistura gêneros, passado e presente, Brasil e Rússia e realidade e ficção

 

Os atores estão soltos em cena e em perfeita sintonia, talvez por serem dirigidos por uma atriz. Entretanto, os encontros entre Alma e Tchekhov são sempre de muito afeto e delicadeza, graças ao talento e carisma de Maria Padilha e Leonardo Medeiros. Confira, a peça fica em cartaz até dezembro.

 

 

 

 

 

 

 

Roteiro:
Um jardim para Tchekhov. Dramaturgia: Pedro Brício. Direção: Georgette Fadel. Elenco: Maria Padilha, Leonardo Medeiros, Erom Cordeiro, Olivia Torres e Iohanna Carvalho. Iluminação: Maneco Quinderé. Cenário: Pedro Levorin e Georgette Fadel. Figurino: Carol Lobato. Trilha sonora: Lucas Vasconcellos. Preparação corporal: Marcia Rubin. Fotografia: Filipe Costa e Guto Muniz. Produção executiva: Ártemis. Direção de produção: Silvio Batistela. Produção: Cena Dois Produções Artísticas.

Serviço:
Teatro CCBB SP (120 lugares), Rua Álvares Penteado, 112, tel. 11 4297-0600. Horários: quinta e sexta às 19h; sábado às 16h e às 18h30 e domingo às 17h. Ingressos: R$30 e R$15. Vendas: bilheteria do CCBB e em bb.com.br/cultura. Duração: 110 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 08 de dezembro.
@umjardimparatchekhov

 

 


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