De em março 24, 2011
Estreia nacional é nessa sexta, dia 25, mas Vips – Histórias Reais de um Mentiroso, primeiro longa de Toniko Melo, com Wagner Moura como protagonista, teve pré-estreias nessa semana. Estive presente numa delas, em que o diretor e um dos roteiristas, Thiago Dottori, falaram com o público após a exibição.
Nada melhor para o ator do que deixar de lado um grande personagem para encarnar outro marcante e diametralmente oposto. Isto é o que acontece com Wagner Moura: depois do capitão Nascimento de Tropa de Elite, ele volta às telas na pele do falsário Marcelo Nascimento da Rocha, que dentre as mil e uma falcatruas cometidas, ele se fez passar por filho do dono de uma empresa de aviação, num Carnaval.
De acordo com o roteirista Dottori, que dividiu o trabalho com Bráulio Mantovani, o roteiro teve várias versões. Eles se basearam no livro e no documentário de Mariana Caltabiano, mas era necessário um trabalho ficcional para deixar o personagem com carga dramática verossímil.
Dessa forma, Marcelo não é só mostrado como um golpista e falsário. Os roteiristas criaram situações que justificam a vontade do personagem de viver outras personalidades. Sílvia (Gisele Fróes) é a mãe ficcional do garoto, uma cabeleireira deslumbrada com o mundo das celebridades; o pai, vivido por Norival Rizzo, é ausente, mas para Marcelo, um herói, justamente por ser aviador, profissão que tanto almeja para si. Para pilotar, Marcelo vira o famigerado Carrera, piloto do narcotráfico. Preso e imediatamente solto pelos chefões do tráfico, Marcelo entra para o jet-set, na pele do filho do dono da Gol, sendo entrevistado inclusive pelo jornalista Amaury Jr — que fez uma participação — em pleno Carnaval do Recife. Depois de tanta exposição, só lhe restava o presídio de segurança máxima, onde ele inicia outra carreira!
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Wagner diz como criou o personagem: “Ao ler o roteiro final, vi ali um menino inteligente, brincando de ser outras pessoas. Ele estava se buscando, como todos nós. Ele se olhava no espelho e não se reconhecia”, explica.
Uma cena em que se vê o minucioso trabalho de composição de Wagner Moura é o show para os traficantes: com o cabelo tingido de loiro de Carrera, ele encarna Renato Russo, cantando um sucesso da banda Legião Urbana! Emocionante!
No entanto, Vips causou-me decepção. Por mais que diretor, roteirista e ator justifiquem que o Marcelo das telas é ficcional, o público conheceu as histórias do verdadeiro estelionatário. Não consegui fundir as duas imagens, a do retratado nas telas com brilhantismo por Moura com a do bandido verdadeiro. Ficou um vácuo entre esses dois “Marcelos”.
2 Comentários
Laura Fuentes
março 25, 2011 @ 13:22
Legal teu texto e o aparte. Ainda não vi o filme, mas certamente já é discutível a opção do roteiro em modificar a realidade. Ou é ficção ou fato real. Meio termo é complicado.
Maurício Mellone
março 25, 2011 @ 14:21
Laura:
Não deixe de assistir ao filme; é legal pra podermos aprofundar
nosso bate-papo!
bjs