Jude Law e Rachel Weisz interpretam um casal que questiona o relacionamento

Tendo como inspiração a peça Reigen, do escritor austríaco Arthur Schnitzler, o filme 360, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, conta a trajetória de vida de várias pessoas, de nacionalidades diversas e em cidades diferentes. Como num caleidoscópio, as tramas se desenrolam e num determinado momento elas começam a se juntar, se cruzar. Tudo começa em Viena, com Mirka (Lucia Siposová), codinome Blanka, numa sessão de fotos para seu portfólio, que servirá para que os futuros clientes a contrate como prostituta de luxo. Corte e quem entra em cena é o executivo Michael, vivido por Jude Law: em viagem de negócios ele sente saudade da mulher Rose (Rachel Weisz), mas contrata os serviços de Blanka. Por sua vez, Rose em Londres tenta, em vão, se livrar do caso amoroso que mantém com o fotógrafo brasileiro, vivido por Juliano Cazarré. No entanto, ao descobrir a traição do namorado, o fotógrafo, Laura, interpretada por Maria Flor, o abandona na capital inglesa e volta para o Brasil. No aeroporto ela conhece um senhor (Anthony Hopkins) que viaja para reconhecer o corpo que poderia ser de sua filha desaparecida: Laura e este senhor mantêm uma fraterna relação. Ainda neste mosaico de histórias, há o viciado em sexo Tyler (Ben Foster) que consegue permissão para se transferir da prisão para um setor de recuperação; ele está no mesmo aeroporto e conhece Laura. As cenas de ambos são as mais tensas do filme. Outro emaranhado de histórias acontece em Paris: um dentista muçulmano (Jamel Debbouze) é fascinado por sua assistente Valentina (Dinara Drukarova), que é casada com um motorista que trabalha para um mafioso. Este, por sua vez, chega à capital francesa e seu motorista o leva para um hotel, onde ele irá se encontrar com a prostituta Blanka.

Maria Flor contracena com o veterano Anthony Hopkins

Numa coprodução entre Brasil, Áustria, França e Reino Unido, 360 foi rodado em diversas partes do mundo, como Veneza, Paris, Londres, Rio de Janeiro, Bratislava, Denver e Phoenix. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo quando do lançamento, Meirelles diz que o filme retrata nove histórias, uma que leva a outra sucessivamente, não havendo protagonista, antagonista e nem conflito:

Isto é interessante: o conflito do filme está dentro de cada personagem. Todos estão diante de uma escolha na vida: se fazem o que querem ou reprimem este desejo. E a vida é tão curta, será que a gente deve passar a vida toda se reprimindo, cortando a nossa própria onda em nome de uma civilização? O filme não é padrão, do tipo que defende um ponto de vista. O filme não traz respostas”, completa o diretor

Se nas primeiras sequências o espectador não consegue unir as tramas, aos poucos as histórias vão se encaixando e o filme roda em 360 graus! Admirável o fluxo narrativo estabelecido por Meirelles.

Fotos: divulgação