De em julho 12, 2011
Num trabalho minucioso de pesquisa, a premiada companhia franco-brasileira dos à deux apresenta para o público paulistano o espetáculo Fragmentos do Desejo, uma mistura de dança, teatro, manipulação de objetos, com um jogo de luz de claro e escuro que deixa o público envolvido em tudo o que se passa no palco. Depois de temporada no Rio e em Brasília, o espetáculo permanece em cartaz no Teatro Anchieta, SESC Consolação, até o final do mês.
Teatro sem palavra, ou teatro gestual é a linguagem criada pelo brasileiro André Curti e pelo angolano naturalizado brasileiro Artur Ribeiro há 12 anos, quando da formação da companhia, que percorre o mundo apresentando os seis espetáculos do repertório.
Em Fragmentos do Desejo André e Artur, ao lado de Maria Adélia e Matías Chebel, interpretam os personagens (o pai, o filho, a governanta e o cego) numa trajetória não linear em que, segundo os diretores, as histórias gestuais são sobre a diferença, “sobre o desejo profundo de ser outra pessoa, sobre a ambiguidade das relações humanas e a busca da identidade”.
Por não usar palavra, o corpo é o elemento fundamental para a ação dramática. Cenário, figurino, trilha sonora (composta especialmente para o espetáculo por Fernando Mota) e iluminação tornam-se elementos essenciais para a narrativa. A iluminação, assinada por Thierry Alexander e Artur Ribeiro, me chamou muito a atenção: o jogo de claro e escuro, além de facilitar a troca de cenário, provoca efeitos de ilusionismo, deixando o espectador com uma nova dimensão de espaço cênico.
A Cia dos à deux é reconhecida mundialmente por seu rigor estético e sua plasticidade e coleciona prêmios. Na temporada carioca, Fragmentos do Desejo foi escolhido como um dos 10 melhores espetáculos do ano pelo jornal O Globo e ganhou o Prêmio Shell na Categoria Especial, pela pesquisa gestual.
Foto: Xavier Cantat
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