Filme: Las Acacias, foto 1

Las Acacias: emocionante filme de estreia do argentino Pablo Giorgelli

De em setembro 17, 2013

Filme: Las Acacias, foto 1

Germán de Silva interpreta o carrancudo caminhoneiro Rubén, que se encanta com a garotinha Anahi (Nayra Calle Mamani)

Num road movie peculiar — a trama se desenvolve praticamente na boleia de um caminhão —, o diretor Pablo Giorgelli, que divide o roteiro com Salvador Roselli, consegue contar uma história com o mínimo de recursos. Além do espaço reduzido, a trilha sonora do filme é somente com ruídos do próprio caminhão e da movimentação da estrada (não há uma música sequer!).
A trama se sustenta graças à tensão da situação criada pelos personagens: Rubén, interpretado com brilho por Germán de Silva, é caminhoneiro há anos e transporta madeira de acácias (daí o título do filme) de Asunción do Paraguai a Buenos Aires, capital da Argentina; ele concorda com o chefe de dar carona para Jacinta (Hebe Duarte), que chega com uma hora de atraso e para piorar ainda mais, vem com sua filhinha de 5 meses, Anahi (vivida pela graciosa Nayra Calle Mamani). Duro, mal-humorado e com o semblante de poucos amigos, Rubén durante a viagem vai aos poucos perdendo o ar carrancudo e inicia uma aproximação com as duas companheiras de estrada.

Filme: Las Acacias, foto 2

Hebe Duarte vive Jacinta, que pede carona em Asunción a Rubén para recomeçar sua vida na Argentina

O ar soturno do personagem central e por também ser um caminhoneiro, Las Acacias me remeteu ao filme de Breno Silveira, À Beira do Caminho, em que o excelente João Miguel interpreta um caminhoneiro depressivo e rabugento que não consegue se livrar de um garoto infiltrado em seu caminhão. A mudança interior destes homens durante a viagem e o desenrolar das tramas é que unem as duas produções.

No filme de Giorgelli, Rubén, como é de poucas palavras, não revela nada de sua vida e muito menos do passado; no entanto, ao ser questionado por Jacinta sobre filhos, ele conta que tem um garoto, mas que não o vê há anos. A confissão se dá muito em função da graciosa Anahi, que a todo o momento sorri para Rubén e consegue furar o bloqueio imposto por ele. De atitudes rudes e sem palavras, Rubén se comove com o destemor de Jacinta (com a pequena Anahi, está deixando seu país e seu passado para recomeçar vida nova na Argentina). O caminhoneiro, ao se deparar com a afetuosa relação entre mãe e filha, inicia uma mudança interior, que poderá modificar o destino dos três personagens.

Filme: Las Acacias, foto 3

Cartaz do filme dirigido pelo argentino Pablo Giorgelli

 

 

Premiado no Festival de Cannes 2011 como filme revelação, Las Acacias envolve o espectador de maneira gradual, pois o diretor narra a história com poucas palavras e o uso abusivo de pausas, silêncios e sutis trocas de olhares entre Rubén e Jacinta dentro da reduzida locação, a pequena boleia do caminhão. O espectador vai construindo a história aos poucos e ao final consegue ter a dimensão psicológica dos personagens.

Mais uma excelente produção da rica filmografia da Argentina.
Fotos: divulgação


2 Comentários

Nanete Neves

setembro 18, 2013 @ 09:59

Resposta

Bacana o teu post sobre este filme delicado, cujos protagonistas mesmo são a nenê e o silêncio. E você tem razão, este caminhoneiro lembra mesmo o vivido pelo nosso grande João Miguel. Tuas dicas não falham! rs

Maurício Mellone

setembro 18, 2013 @ 12:24

Resposta

Nanete:
Obrigado pela força e o incentivo!
Las Acacias emociona mesmo, principalmente pela simplicidade em se contar
uma história tão comum e próxima do espectador. A garotinha é um encanto!
bjs

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