“A Cascata” de 1964: uma das pinturas em que Miró utiliza a mesma matriz para duas telas

Os paulistanos têm somente um mês para conferir a mostra A Magia de Miró, desenhos e gravuras, em cartaz na Caixa Cultural, que traz 69 obras (entre desenhos, pinturas e gravuras) do artista catalão Joan Miró, considerado o mestre do surrealismo. Depois de São Paulo, a exposição — composta também por 23 fotografias de Miró e de sua obra realizadas pelo curador Alfredo Melgar — viaja por mais quatro unidades da Caixa Cultural: Curitiba, Rio de Janeiro, Recife e por último Salvador, no final do ano.
As peças da exposição foram realizadas nos últimos 20 anos de vida de Miró, que nasceu em Barcelona, em 1893, e faleceu aos 90 anos em Palma de Maiorca/Espanha, em 1983. De acordo com Gilberto Maringoni, que assina os textos da mostra, as ilustrações revelam um plano mais íntimo e particular do artista; já os desenhos são esboços feitos a lápis e giz de cera em diferentes tipos de papel, como cartão de embalagem, papel lixa, lâmina de cortiça e papel japonês. Desta forma o visitante pode constatar o processo de criação de Miró, que vivia um momento maduro de sua carreira artística, pois os esboços e estudos deram origem as obras finais, muitas delas presentes na mostra.
A exposição abre com um grande painel que resume a trajetória de vida de Joan Miró, que chega a Paris na década de 20; sua produção nesta época revela a influência que recebeu do dadaísmo e surrealismo, com cenas oníricas e paisagens imaginárias. Na década de 30, Miró produz cenários para balés e faz grandes exposições na França e Estados Unidos. O artista estava em Paris quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola: ele volta à terra natal em 1940. Deste período, seus trabalhos retratam temas poéticos, com mulheres, pássaros, estrelas e cachorros como destaque. Sendo premiado na Bienal de Veneza de 1954, Miró realiza uma exposição com toda a sua obra em 1963, no Museu de Arte Moderna de Paris.

O que chama a atenção na mostra são algumas pinturas em que o mestre cria uma matriz única e utiliza técnicas diferentes: em uma faz litografia e em outra gauche; em outros trabalhos, ele inverte a matriz e o resultado são duas telas distintas. Na exposição, as obras estão lado a lado e o visitante tem a chance de apreciar o modo criativo de Miró trabalhar.

Por último há a sala com as fotografias de Miró realizadas pelo Alfredo Melgar, que é fotógrafo galerista em Paris.

“Esta mostra não é uma coleção detalhada e sequer cobre certo período ou determinado movimento da história da arte. Trata-se de um álbum de recordações de meu privilegiado contato com Miró”, explica o curador.

Chance única de conferir um pouco da obra do grande mestre Joan Miró. Até final de abril, na Caixa Cultural da Praça da Sé.

Foto de Alfredo Melgar: Miró segurando ‘Miró de Calder’

Roteiro:
A Magia de Miró, desenhos e gravuras: mostra do artista espanhol Joan Miró. Curadoria: Alfredo Melgar. Caixa Cultural São Paulo, Praça da Sé, 111, tel. 11 3321-4400. Horários: de terça a domingo, das 9h às 19h. Ingressos: gratuitos. Temporada: até 20 de abril.

Fotos: divulgação