Filme: Sabor da Vida, foto 1

Sabor da Vida: filme japonês apresenta bela e sensível visão de mundo

De em dezembro 21, 2015

Filme: Sabor da Vida, foto 1

Kyara Uchida, Kirin Kiki e Masatoshe Nagase, como o chef Sentaro, protagonizam o longa-metragem oriental

Em tempos de tanta desarmonia e desamor, a filosofia oriental com seus profundos ensinamentos parece um bálsamo à humanidade. Esta a sensação que tive ao final do filme Sabor da Vida, da cineasta japonesa Naomi Kawase.
Com sensibilidade e sutileza, o roteiro, assinado pela diretora em parceria com Durian Sukegawa, retrata histórias de três personagens que sofrem de exclusão social, mas conseguem superar suas limitações e transformam suas realidades graças ao exemplo de uma idosa, vítima de lepra.

Filme: Sabor da Vida, foto 2

A veterana atriz Kirin Kiki emociona com os ensinamentos de vida de sua personagem

O filme começa mostrando o cotidiano de Sentaro, vivido por Masatoshe Nagase, que a contragosto gerencia um pequeno quiosque que vende dorayakis, doce japonês de duas pequenas panquecas recheadas com pasta de feijão. Aos poucos se percebe que ele está ali para pagar uma dívida com os proprietários do local, depois de ter saído da prisão. Precisando de ajuda, ele publica um anúncio para contratar uma ajudante e quem se candidata à vaga é Tokue, interpretada por Kirin Kiki, uma senhora de 76 anos e que tem problemas nas mãos. A princípio Sentaro não quer contratá-la, pois o serviço não é leve. No entanto ela insiste, diz que faz a pasta de feijão há 50 anos e deixa uma porção para ele experimentar. O chef fica admirado com o sabor da pasta e muda de opinião, quer muito que ela venha trabalhar a seu lado. Paralelamente, a garota Wakana (Kyara Uchida) é assídua frequentadora do quiosque, percebe a diferença dos dorayakis com a chegada de Tokue e logo se afeiçoa à velhinha. As histórias delas também são de exclusão: a menina sente-se abandonada pelos pais (a mãe nunca lhe dá atenção) e Tokue vive num sanatório que abriga pessoas vítimas de lepra — a diretora faz questão de mostrar a situação de exclusão e preconceito com estes cidadãos.
Com poucas palavras e usando a natureza como forte elemento narrativo (as belíssimas cerejeiras marcam não só a mudança de estações como a passagem de tempo da trama), a cineasta realiza um filme de extrema sensibilidade e emoção sem ser piegas. A mudança interior do chef é acompanhada passo a passo pelo espectador — as cenas em que a velha senhora ensina como fazer a pasta doce, no fundo funcionam como um profundo ensinamento de vida a ele. Ambos passam a ter carinho e admiração um pelo outro e conseguem superar seus traumas. E a garota, de forma sutil, é o elo entre eles.

Filme: Sabor da Vida, foto 3

Masatoshe Nagase em atuação marcante

Além de uma fotografia exuberante, a trilha sonora de Sabor da Vida contagia e contribui para o desenlace edificante. A interpretação contida e centrada tanto da veterana Kirin Kiki como de Masatoshe Nagase é outro grande destaque do filme. Excelente sugestão para este período de final de ano e início de um novo ciclo: o filme pode ajudar a refletir e reavaliar as atitudes diante da vida.

 

 

 

Fotos: divulgação


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