De Maurício Mellone em junho 11, 2013
Com extensa pesquisa em obras literárias sobre o erotismo, a atriz e dramaturga Silvia Suzy criou o monólogo Como Água que Sobre a Água Corresse, que tem só mais três apresentações no Teatro Estação 574, um velho e aconchegante casarão reformado no Bixiga.
Concebido para uma plateia de no máximo 30 pessoas, o espetáculo proporciona uma aproximação íntima entre atriz e espectadores, reproduzindo a tradicional relação de contador de histórias.
“Ao criarmos um ambiente deslocado no tempo e no espaço, com a intenção de uma delicada intimidade, em que a proximidade com a palavra é intensa e o limite entre o que é dentro e fora da história fica tênue, propomos um encontro verdadeiro, valendo-nos da arte narrativa e de elementos sensoriais para falarmos de liberdade. A chuva, o cheiro, o poder das imagens das palavras nos transportam para lugares e estados delicados, divertidos, cruéis e prazerosos”, explica a atriz.
Ao entrar na pequena sala de espetáculo, o espectador já sente o clima de intimidade. Todas as cadeiras estão cobertas com o mesmo tecido fino e transparente usado do cenário. A atriz está enrolada neste mesmo tecido, que também está disposto em grandes tiras presas no teto; ela começa a contar as histórias eróticas, que foram adaptadas de clássicos da literatura, como A história de Moçailama, de Muhammad ibn Muhammad al-Nafzawi, Contos, Receitas e Outros Afrodisíacos de Isabel Allende, O Carregador e as Três Damas de Bagdá (do clássico As Mil e Uma Noites) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (passagem entre Jesus e Maria de Magdala), de José Saramago.
O espectador tem a sensação de estar na sala da sua casa com a atriz sendo uma pessoa de sua intimidade, que conta histórias de amor, com fortes pitadas de erotismo.
“O jogo sobre o olhar que tudo procura e tudo move é minha intenção. Silvia traz à cena a brincadeira de contar histórias, com a leveza da encenação clara e nada rebuscada, sem prepotência, com delicadeza e com desejo”, declara o diretor Arthur Miranda.
O grande destaque de Como Água que Sobre a Água Corresse é sem dúvida para Silvia Suzy, que além de atuar, é a responsável pela pesquisa, adaptação e construção dramatúrgica. Um espetáculo sensível e envolvente. Únicas três apresentações neste sábado, domingo e segunda. Não perca!
Fotos: Robson Kumodi
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