De em julho 10, 2012
Com a garotada em pleno período de férias, A Guerra dos Botões (La guerre des boutons) é um ótimo programa para adultos, adolescentes e crianças. Baseado no livro homônimo de Louis Pergaud, o filme de Yann Samuell, além de focar nas brigas entre as crianças de duas aldeias vizinhas no sul da França, é pedagógico e lúdico, já que princípios de convivência social e civilidade são enaltecidos.
Para a galera de hoje, viciada em vídeo game, internet, celular e tablets, tudo pode parecer irreal, já que a trama se passa em 1960 numa aldeiazinha francesa, quando as crianças nem imaginavam em computador ou algum tipo de brinquedo eletrônico. A única distração para elas era a rua, com as brincadeiras ao ar livre, como futebol, bolinha de gude, pescaria ou pega-pega. Um dado histórico também é importante para se compreender melhor o enredo: a França estava em litígio com a Argélia, sua possessão na África, conflito que durou de 1954 a 1962. Portanto, os conflitos e batalhas eram reproduzidos no universo infantil.
Desde a primeira cena o espectador é levado para o clima de guerra das crianças: separados por muro de pedras, os dois grupos preparam o ataque; com estilingue, um garoto atinge o adversário com uma ameixa vermelha bem no meio da testa. A correria é geral e eles só interrompem a luta quando é dado sinal de entrada na escola.
A ação se passa na aldeia de Longevernes, onde o grupo de garotos é liderado por Lebrac, interpretado por Vincent Bres. Órfão de pai, Lebrac é praticamente arrimo de família: depois das aulas e antes de fazer as tarefas escolares, ajuda a mãe (Mathilde Seigner) na pequena propriedade e cuida das duas irmãs pequenas. Mas sempre arruma um jeito de não deixar na mão os companheiros. Com sua coragem e destemor, assume a liderança das batalhas contra os rivais da aldeia vizinha de Velrans. Estes, por sua vez, têm como líder o garoto Asteca (Théo Bertrand).
Aos poucos o espectador percebe que a rivalidade entre as duas aldeias perdura há décadas, tanto que os professores dos alunos já foram líderes rivais quando crianças. O professor Merlin, vivido por Eric Elmosnino, liderou os Longevernes e seu rival era exatamente Labru (Alain Chabat), que hoje também dá aulas, só que na escola dos Velrans.
Paralelamente aos embates das crianças, Lebrac vive um drama pessoal. Sua mãe quer que ele deixe de estudar para trabalhar e poder ajudar mais com as despesas da casa. O professor Merlin, para impedir que ele abandone os estudos, o inscreve numa bolsa de estudos de uma escola maior, de outra cidade.
O crescimento de Lebrac é tocante: tanto sua relação de liderança com os meninos, sua aproximação com a única (e corajosa) garota do grupo como seu amadurecimento na escola e, principalmente, com a mãe. Vincent Bres não só convence como dá um banho de interpretação! Outro destaque é o garotinho Gibusinho (Tristan Vichard), que encanta da primeira à última cena!
Fotos: divulgação
2 Comentários
Luiz Carlos Líbano
julho 12, 2012 @ 00:35
Olá, Maurício, perdoe-me a ignorância, mas esse filme é uma refilmagem? Vi um filme com o mesmo título nos anos 70. Achei-o belíssimo. De qualquer forma, a sua resenha me despertou o interesse novamente.
Maurício Mellone
julho 12, 2012 @ 14:09
Luiz:
Não sei se este filme é uma refilmagem; é baseado num livro (cito na resenha).
Vale a pena vc assistir (mesmo q seja de uma história que vc já conhece): os guris são
ótimos!
bjs