De Maurício Mellone em junho 2, 2014
Em Anos Felizes (Anni Felici), Kim Rossi Stuart e Micaela Ramazzotti formam o casal de classe média Guido e Serena, pais de Dario e Paolo (os garotos Samuel Garofalo e Niccolò Calvagna), que no verão de 1974, em Roma, promovem uma revolução na vida conjugal. Sob o olhar de Dario, o filho mais velho, a trama tem início com um passeio na praia de toda a família. O que poderia ser um retrato de um momento feliz na vida deles, aos poucos o espectador percebe os atritos e as visões opostas de mundo de Guido e Serena.
Ele um artista de vanguarda ainda não reconhecido pela crítica e que não consegue deixar de se envolver com as modelos que posam em seu ateliê. Já Serena é uma dona de casa tradicional e que não entende de arte, mas ama profundamente seu marido e não admite suas traições. Os dois garotos são cúmplices do pai, mas não gostam das discussões e da chantagem emocional de que são vítimas tanto da mãe como de Guido. O verão será definitivo na vida desta família italiana.
Com roteiro assinado por Sandro Petraglia, Stefano Rulli, Caterina Venturini e pelo diretor, Anos Felizes faz um retrato dos costumes sociais dos anos 70 na Europa, em que a o casamento tradicional era questionado e as ideias libertárias de relação conjugal estavam sendo postas à prova. Guido, ao mesmo tempo em que praticava o amor livre (amava a esposa e os filhos, mas suas relações com as lindas modelos eram constantes), se mostra conservador com a mudança de comportamento de sua mulher. Por sua vez, a linda e fiel Serena, que morria de ciúmes do marido, ao aceitar a sugestão da amiga Helke (Martina Gedeck) de se afastar por um tempo do casamento, passa a questionar seus sentimentos. Depois de muita briga, Serena deixa o marido e faz uma viagem com os filhos e Helke; no calor das férias, Serena não consegue evitar a sedução da amiga e elas se envolvem apaixonadamente!
É óbvio que, ao saber da traição de Serena, Guido tem uma reação extremamente machista e entra crise. Mas esta perturbação interior tem seu saldo positivo: ele consegue criar uma escultura, que é reconhecida tanto pelo público como pela crítica.
O filme de Luchetti, mesmo focado nos anos 70, é extremamente atual, pois põe a nu a relação entre um casal, em que alguns tabus ainda perduram; por exemplo a traição pode até ser aceita, mas se o cônjuge resolve trair com uma pessoa do mesmo sexo, aí a crise parece insustentável. Conceitos de fidelidade e possessividade na vida a dois também são questionados em Anos Felizes. Destaque ainda para a condução da trama: o garoto Dario ganha uma filmadora e passa o tempo todo registrando os momentos da família. É dele também a voz do narrador (já adulto), que ao final justifica o título do filme.
Não deixe de conferir.
Fotos: divulgação
2 Comentários
Claudia Mogadouro
junho 15, 2014 @ 13:11
Gostei da crítica, mas ainda bem que eu já vi o filme. Você conta MUITO do filme. Ainda bem que tenho o hábito de ler as críticas só depois. Sugiro que instigue o leitor sem contar TANTO da história. Abraços, Cláudia
Maurício Mellone
junho 16, 2014 @ 12:28
Claudia,
desculpe-me se vc sentiu que ‘contei tudo’ sobre o filme analisado.
É uma das minhas preocupações, não revelar segredos do enredo. Ficarei mais atento
ainda depois de seu comentário.
Mesmo com sua crítica, espero q vc volte outras vezes ao Favo.
Obrigado por sua participação e visita. Terei o maior prazer em recebê-la
bjs