Entrevista: Tulipa Ruiz, foto 1

Em turnê, Tulipa Ruiz concede entrevista exclusiva à Revista Terraço

De em junho 3, 2014

Entrevista: Tulipa Ruiz, foto 1

Tulipa com sua banda: Luiz Chagas, Márcio Arantes, Caio Lopes e Gustavo Ruiz

“Paro para procurar
Para me preparar
Para nunca parar”


Com menos de cinco anos de carreira profissional (primeiro álbum, Efêmera é de 2010), a cantora e compositora Tulipa Ruiz já coleciona prêmios e é reconhecida pela crítica e principalmente pelo público, que a segue em suas apresentações pelo país e também pelo exterior (excursionou pela Europa e EUA, colhendo críticas muito favoráveis dos jornais britânicos como The Guardian e The Independent). E este sucesso se repetiu dentro da programação da Virada Cultural, tanto aqui em São Paulo como pelo interior do Estado, onde ela fez parte do elenco de artistas que se apresentaram nas últimas semanas.
Como editor da Revista Terraço, que é distribuída em quatro cidades — Itu, Salto, Porto Feliz e Boituva —, consegui uma entrevista exclusiva para a edição que chega às mãos dos leitores no próximo final de semana.

Entrevista: Tulipa Ruiz, foto 2

Tulipa lançou o CD Efêmera em 2010

Santista mas que viveu sua infância na cidade mineira de São Lourenço, Tulipa Ruiz mudou-se para São Paulo e se formou em Multimeios. Filha do guitarrista Luiz Chagas (músico da lendária Isca de Polícia, banda de Itamar Assumpção), ela fez parte de bandas de amigos na época da faculdade, estudou canto lírico, mas achava que a música era coisa para o seu pai e seu irmão Gustavo, hoje produtor de seus discos, além de parceiro e músico de sua banda.
Cantava mais por diversão, confessa Tulipa nesta entrevista exclusiva, que dentre outras revelações, ela fala sobre sua forma peculiar de compor, suas influências artísticas e sua adoração por artes plásticas — ela trabalhou como ilustradora e redatora em agências, fez desenhos que ilustram os dois CDs e ainda colabora até hoje com desenhos e pinturas para alguns veículos de comunicação.
Dona de uma voz ímpar — tem grande extensão vocal, navegando com segurança tanto entre tons mais graves como nos agudos extremos —, Tulipa no palco tem uma presença e um domínio impressionantes, nem parece que possui pouco tempo de carreira profissional e apenas dois álbuns gravados, Tudo Tanto é o segundo, lançado em 2012. Outra de suas marcas é o bom humor de suas canções e o retrato contemporâneo das relações afetivas. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista.

Sua carreira profissional está só no começo,  mas o reconhecimento de crítica e do público foi avassalador. Como lida com o sucesso e o assédio de fãs?

O sucesso é a porta de entrada para os shows. E o que mais quero é fazer show, levar minha música para todos os cantos. O assédio dos fãs, na maioria das vezes, é sempre muito respeitoso e carinhoso. É bom ter o retorno da música chegando às pessoas, conhecer as diferentes interpretações. Lido bem com essas múltiplas leituras.

Quem são seus fãs: público de que faixa etária? Parece que os jovens gostam muito do seu trabalho, isto é verdadeiro?

No meu último show no SESC Bom Retiro, em São Paulo, o mais novo tinha quatro anos e a mais velha ia fazer noventa. Tinha muito jovem nesse dia, mas estava mesmo uma mistureba de idades. Gosto de tomar esse dia como base.

Entrevista: Tulipa Ruiz, foto 3

O CD Tudo Tanto foi lançado em 2012

Você estudou canto lírico e é formada em Multimeios: ser cantora e compositora não era sua meta, mesmo com o pai e o irmão músicos?

Sempre gostei de música, mas achava que ela como ofício era um departamento do meu pai e do meu irmão. Cantava mais por diversão e fui trabalhar com outras coisas. Mas sempre tive banda, cantava nas bandas dos amigos. Aí foi ficando cada vez mais frequente até chegar ao inevitável. Pedi demissão da agência que eu trabalhava para arriscar fazer música.

Suas composições são do universo pop e as letras próximas da realidade atual (amores fugazes) e de muito humor. Quais suas inspirações?

O agora, o cotidiano, além de Manoel de Barros, Robert Crumb e Yoko Ono.

 Como é seu processo criativo? Primeiro vem a poesia? E com os parceiros, como é a sua relação na hora de compor?

A composição pode vir de um momento mágico e subjetivo, como também pode ser um exercício. Às vezes começo no violão e, a partir de uma harmonia, penso na melodia ou na letra. Outras vezes escrevo primeiro ou penso em um tema. Nunca o processo vem do mesmo jeito. A única coisa que se repete são as ferramentas ao redor: papel, canetas, violão e um computador com Garage Band. A relação com os parceiros também varia. Pode ser tomando vinho e fazendo som sem compromisso. Pode ser à distância. Pode ser também um exercício. Esses dias fiz uma música com o Felipe Cordeiro, a gente combinou um jantar em família (a minha e a dele, todos músicos) para criarmos juntos. Mais um jeito novo de compor.

Sua experiência de vida é retratada em suas composições? Você não se vê espelhada em suas canções?

Eu me vejo espelhada nas canções, sim. Mas de um jeito diluído. Minhas músicas têm pedaços de mim e também de outras pessoas. É uma colagem de histórias e de personagens. Da vida real e da vida inventada.

 A relação familiar ajuda na criação? Quais suas principais influências na música?

Eu e o Gustavo crescemos ouvindo a mesma vitrola, os mesmos discos, temos um repertório musical muito parecido, então é fácil fazermos coisas juntos, por conta dessa cumplicidade de interesses. Já meu pai é jornalista e guitarrista, sou influenciada por esses dois lados dele. Ele é a pessoa que mais mostra novidades pra gente. A música nos une.
Sobre influências: cresci ouvindo os discos dos meus pais e me apaixonei logo cedo por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Grupo Rumo, Joni Mitchell, Wings, Itamar Assumpção, Baby Consuelo, Zezé Motta, Joyce e Milton Nascimento.

Entrevista: Tulipa Ruiz, foto 4

A cantora está em turnê pelo país divulgando o segundo álbum

Sua ligação com as artes plásticas é evidente no seu trabalho: você pinta além dos desenhos para os CDs?

Sim, acabo de lançar uma série de cadernetas Cícero em parceria com a Livraria Cultura e colaboro mensalmente com o Jornal Le Monde Diplomatique Brasil.

Fale um pouco de show atual: é um mix de seus álbuns? Como surgiu a canção Megalomania?

O show que acabo de fazer na Virada Cultural faz parte da turnê do meu segundo disco, Tudo Tanto. Preparamos um set list com músicas do segundo disco, mas tocamos algumas do Efêmera. Sempre pensamos em variar as músicas durante os shows, mas mesmo fechando o roteiro antes, na hora tudo pode mudar. Às vezes o público pede uma música que não está no programa e a gente muda o set list na hora.
Megalomania é uma música que surgiu na estrada e a gente decidiu gravar e disponibilizar no site porque eu ainda não pensei no próximo disco. Existem músicas que surgem entre um disco e outro e não pertencem a nenhum deles. Hoje eu entendo a importância do single por conta disso. E Megalomania está lá no site, para quem quiser ouvir. (www.tuliparuiz.com)

Quais os planos futuros? Um terceiro trabalho já está sendo elaborado ou você vai esperar um pouco para lançar novo álbum?

Começo a pensar no terceiro disco e a turnê atual vai até lá. Enquanto isso, vou fazer clipes, lançar um EP de remixes (feitos pelo Rica Amabis e Daniel Ganjaman) e mais algumas surpresinhas até o final do ano.

 Que mensagem daria para aos fãs?

Agradeço o espaço, a leitura e principalmente a presença nos meus shows. Viva os encontros!

 

 
Durante a atual turnê, Tulipa compôs junto com a banda a canção Megalomania, que está disponível em seu site (http://www.tuliparuiz.com/).
Acompanhe a seguir o vídeo desta música alegre e hiperdançante:

 

 

Fotos: Rodrigo Schmidt/divulgação

 


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