Antonio Nóbrega numa das cenas do filme que faz uma homenagem a seu trabalho artístico

Depois da exibição no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ontem aconteceu a pré-estreia de Brincante, que chega aos cinemas do país nesta quinta, dia 04 de dezembro. Tive a chance de estar ontem na plateia e, depois da exibição do filme, participar de uma conversa com o diretor Walter Carvalho e com o homenageado, o pernambucano Antonio Nóbrega.
Na primeira indagação sobre a intenção de registrar o trabalho de Nóbrega, o diretor disse que não podia fazer um documentário clássico diante da personalidade artística a ser retratada, já que ele é um multiartista (músico, instrumentista, compositor, ator, comediante, diretor, dançarino). Optou por registrar o trabalho dele no teatro (com os truques do palco) com suas lentes, que também são um grande truque:

“Chegamos a pensar em algo ficcional, mas percebemos que o interessante era mostrá-lo em cena, ele deveria ser o objeto da observação. Brincante é um filme não sobre e sim com o Antonio”, define Walter Carvalho.

Rosane Almeida, parceira de Nóbrega na vida e na arte

Sem narração, misturando documentário com ficção, o filme, com roteiro de Leonardo Gudel, acompanha Antonio Nóbrega e mostra desde sua origem no interior de Pernambuco, alguns de suas primeiras criações ao lado da mulher Rosane Almeida (em circo que eles mesmos montam, ao lado do caminhão/palco em que eles percorrem o país), a vinda do casal para São Paulo, os dois filhos do casal que também atuam com os pais, o grupo de dançarinos e músicos que formaram e o projeto pedagógico cultural que criaram na Vila Madalena, na capital paulista, o Espaço Brincante.
Além da fotografia envolvente (a luz quente do Nordeste está ressaltada) e dos números vigorosos de dança com o grupo, em diversos locais de  São Paulo, Brincante se destaca pelo formato, que por meio da atuação de Nóbrega— seu personagem símbolo, Tonheta, encanta sempre que aparece — a vida e a obra do artista são desvendadas. E a palavra fica mesmo desnecessária, como afirma o artista:

“Este filme é o quarto trabalho que fazemos juntos. O Walter e eu quisemos fazer um documentário apresentado em forma de ficção. O filme é completamente lúdico, não há depoimentos, as imagens são os próprios depoimentos e falam pelas palavras. E o nome Brincante é a própria representação do lúdico”, conclui Antonio Nóbrega.

Grupo de dançarinos e músicos, formado pelo artista, que atua no filme em vários locais de Sampa

Os amantes da cultura popular não podem perder este filme, que é um olhar poético e sensível para as manifestações artísticas populares do Brasil.

Fotos: divulgação