Dos Escombros de Pagu

De em outubro 29, 2010

Renata Zhaneta na pele de Patrícia Galvão, a Pagu

Teatro é mesmo uma arte coletiva. Mesmo que seja um monólogo, como Dos Escombros de Pagu, em cartaz no Teatro Eva Herz, a montagem atual é o resultado do sonho inicial de três pessoas, Tereza Freire, Roberto Lage e Renata Zhaneta, autora, diretor e atriz do espetáculo. No entanto, esse sonho inicial, o de fazer uma homenagem aos 100 anos de nascimento de Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, escritora, jornalista e principalmente a humanista, que lutou durante toda a vida contra a opressão e a desigualdade, se transformou nesse espetáculo delicado e emocionante, que reúne uma equipe brilhante como Wagner Freire (iluminação), Heron Medeiros (cenário), Gilda Bandeira de Mello (figurino) e Aline Meyer, que une a poesia de Caetano Veloso e a emoção de Edith Piaf na trilha sonora!
Mais do que o mito ou a musa do movimento antropofágico de Oswald de Andrade, a Pagu que se vê no palco pela tocante composição de Renata Zhaneta é uma mulher de 52 anos (a idade em que a homenageada morreu, em 1962) que revisita sua existência e escancara suas fragilidades, fraquezas, opções e escolhas diante da vida. Da garotinha que já se sentia diferente e alheia às brincadeiras infantis, à adolescente transgressora e ao mesmo tempo inocente; da militante comunista à presa política. No monólogo de Tereza Freire, Pagu está no centro do palco e revê toda sua tumultuada e sofrida trajetória. O que me chamou muito a atenção nos relatos da personagem foi exatamente o sentimento com relação a Rudá: em diversas vezes Pagu abandonou o filho em detrimento de suas escolhas políticas. E aí outra vez o mérito para a atriz, que com o olhar triste e lacrimoso demonstra toda a angústia de mãe.
A peça é fruto da tese de mestrado de Tereza, que levou quatro anos de pesquisa. Com o fim do trabalho acadêmico, a autora sentiu necessidade que o público tivesse acesso à vida dessa artista que marcou a história do Brasil dos anos 1930, com suas ações e pensamentos inovadores.
“Depois de ver o meu trabalho pronto, senti que era importante torná-lo público. Aí escrevi a peça e entreguei ao Lage. Estou muito feliz com a encenação e o trabalho da Renata. Está tudo lindo”, confessa a autora. Dos Escombros de Pagu permanece em cartaz até 18 de novembro, sempre às quartas e quintas, às 21h.


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