De Maurício Mellone em fevereiro 24, 2014
Bola de Ouro, peça do contemporâneo dramaturgo francês Jean-Pierre Sarrazac, apresentada somente quintas e sextas, fica em cartaz no Teatro FAAP só até o próximo dia 7 de março. São, portanto, duas últimas semanas para conferir este texto inédito no Brasil.
Com direção de Marco Antônio Braz, o espetáculo — estrelado por Celso Frateschi, Walter Breda, Marlene Fortuna, Luiz Amorim e Carolina Gonzalez — narra a inusitada convocação para que três velhos amigos se reúnam no Café Bola de Ouro, que hoje não existe mais (em seu lugar funciona uma livraria).
Na juventude os três — o escritor (Frateschi), o jornalista (Breda) e a artista plástica (Fortuna) — faziam parte de um grupo de revolucionários que se reuniam no antigo café com o intuito de criar estratégias para mudar o mundo. O que chama a atenção dos três é que a convocação vem por e-mail, é assinada pelo pseudônimo de Pluvinage (Amorim) e traz um tom de vingança e mistério.
Passados 30 anos, os três amigos tomaram rumos diferentes na vida: o escritor com veia revolucionaria tornou-se famoso e assimilado pelo Estado; o jornalista deixou de fazer panfletos para se tornar redator de um jornal burguês e a artista plástica, antiga jornalista feminista, hoje vive reclusa e ensimesmada. Quem provoca o reencontro deles é o personagem misterioso da trama, Pluvinage, mas o verdadeiro elo entre eles é exercido pela estagiária (Carolina), que é filha da artista plástica e passa a trabalhar ao lado do jornalista exatamente no período em que os e-mails começam a ser enviados. Por se parecer muito com a mãe, a moça exerce forte atração, tanto sobre o escritor como sobre o jornalista.
A inusitada convocação para o encontro — num local inexistente, mas vivo na memória deles — provoca nos personagens uma revisão interna. Todos passam a rever suas posições diante da vida e a reunião toma o ar de um ultimato, um autêntico ajuste de contas entre eles e a vida.
“Na minha peça, passado e presente entram violentamente em colisão por meio de personagens ao mesmo tempo vivos e alegóricos: a Imóvel/artista plástica, o Escritor-herói, o Jornalista, a Estagiária e Pluvinage, o Praguejador”, explica Jean-Pierre Sarrazac.
Bola de Ouro se destaca pela sintonia dos atores em cena e pelo tom preciso da direção de Marco Antônio Braz, além do cenário de Sylvia Moreira, que delimita bem o espaço de cada personagem, e a sensível iluminação de Fran Barros. Não perca, só até o dia 07 de março.
Fotos: Lenise Pinheiro
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