As aves da noite: peça impactante de Hilda Hilst contra o fascismo

De em junho 11, 2024

Elenco: atores presos em gaiolas enermes são assistidos por uma mulher judia

 

 

Depois de ter sido encenado de forma online — e vencido o Prêmio APCA/22 de melhor espetáculo virtual —, As aves da noite, da escritora e dramaturga Hilda Hilst, ganhou os palcos e está em temporada popular pelos teatros da prefeitura. Até o próximo domingo, dia 16/06, permanece no Teatro Arthur Azevedo e de 20 a 30 de junho cumpre temporada no Teatro Paulo Eiró.

 

Com direção de Hugo Coelho e tendo no elenco Marco Antônio Pâmio, Marat Descartes, Walter Breda, Regina Maria Remencius, Marcos Suchara, Rafael Losso, Fernando Vitor, Wesley e Guindani e Heloísa Rocha, a peça é um compêndio contra o fascismo, a tirania e a opressão. Hilda Hilst escreveu o texto no final da década de 1960, com o Brasil em plena ditadura militar, mas sua referência foram os horrores cometidos pelos nazistas no campo de concentração de Auschwitz.

 

 

 

 

 

 

Maximilian Kolbe (Pâmio) é provocado pelo nazista (Suchara)

 

Ao entrar na sala de espetáculo o público já se depara com cinco gaiolas enormes que têm a função de cela, de confinamento. E a primeira cena é baseada em fato real: o padre Maximilian Kolbe, interpretado por Marco Antônio Pâmio, se apresentou como voluntário no campo de concentração de Auschwitz para morrer no lugar de um prisioneiro que fugiu. A partir daí a dramaturga criou outros quatro personagens — o Carcereiro (Marat), o Poeta (Vitor), o Joalheiro (Breda) e o Estudante (Losso) —, que antes de morrerem discorrem sobre questões éticas e filosóficas, questionando Deus e o sentido da vida. Eles recebem constantemente a visita do oficial da SS (Suchara) e seu ajudante (Guindani), além da mulher (Regina Maria) encarregada de limpar as celas e os mortos/porcos, como os presos são chamados pelos nazistas.

 

 

 

 

 

“Esta peça é um grito contra o racismo, contra o preconceito, contra a barbárie e contra o fascismo, que usa a violência como instrumento de ação política. As aves da noite mostra o reverso, o outro rosto da humanidade, doente e profundamente violento, e nos faz encarar toda a barbárie do poder, do autoritarismo, dos porões da tortura das ditaduras”, argumenta o diretor Hugo Coelho.

 

 

 

 

Só em situações extremas é que interrogamos esse grande obscuro que é Deus,
com voracidade, desespero e poesia”
HH

 

 

 

 

 

Além do texto corrosivo e ao mesmo tempo poético de Hilda Hilst, o espetáculo se destaca pela precisa direção dos atores, que mesmo separados pelas gaiolas conseguem uma sintonia incrível, com diálogos contundentes. Destaque ainda para a trilha sonora de Ricardo Severo, que musicou uma letra de uma canção original do texto.

 

 

 

Marat Descartes vive o carcereiro

 

Num momento em que o mundo vê o crescimento da extrema direita e de governos e políticos autoritários e conservadores, a denúncia poética de Hilda Hilst é imprescindível.

 

 

 

 

 

 

“É preciso estarmos atentos àqueles que cotidianamente alimentam a violência como a solução para os nossos problemas. Por isto que esta obra poética é tão importante para o momento em que vivemos”, arremata Hugo Coelho.

 

 

 

Roteiro: Texto: Hilda Hilst. Direção: Hugo Coelho. Elenco: Marco Antônio Pâmio, Marat Descartes, Regina Maria Remencius, Walter Breda, Rafael Losso, Fernando Vitor, Marcos Suchara, Wesley Guindani e Heloísa Rocha. Direção de produção: Fábio Hilst. Cenografia: Hugo Coelho. Figurino e objetos de cena: Rosângela Ribeiro. Desenho de luz: Fran Barros. Música original e desenho de som: Ricardo Severo. Fotografia: Priscila Prade e Heloísa Bortz. Idealização e produção: Três no Tapa Produções Artísticas.
Serviço:
Teatro Arthur Azevedo (349 lugares), Av. Paes de Barros, 955, tel.: (11) 2604-5558. Horários: até 16/06, sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h. Ingressos: Gratuitos – bilheterias dos teatros: 1h antes das sessões. Ingressos antecipados: Sympla – www.sympla.com.br. Duração: 75 min. Classificação: 16 anos.
Teatro Paulo Eiró (467 lugares), Av. Adolfo Pinheiro, 765, tel. 11 5546-0449. Horários: de 20 a 23 de junho  quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h; de 28 a 30 de junho – sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h.


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