De Maurício Mellone em dezembro 18, 2018
Com quatro indicações ao Globo de Ouro, inclusive melhor drama, filme de Spike Lee, Infiltrado na Klan, baseado em fatos reais, mostra como o policial negro Ron Stallworth, vivido pelo ator John David Washington, se infiltrou na Ku Klux Klan (KKK) nos anos 1970 e, por meio de criteriosa investigação, conseguiu desmascarar a racista organização norte-americana.
Com roteiro do próprio diretor e tendo como base o livro do policial Stallworth, a trama retrata os bastidores da investigação: o policial se comunicava com a organização por meio de telefonemas e cartas, mas nos encontros do grupo supremacista quem assumia a identidade de Ron era o seu companheiro de trabalho, o polical branco Flip Zimmerman, interpretado por Adan Driver, que por ironia do destino era judeu, outro grupo étnico combatido pela KKK.
Com minuciosa reconstituição de época — trilha sonora, carros, figurinos e os marcantes cabelos black power —, a produção registra o cotidiano do policial Ron Stallworth, que durante o dia integra o equipe policial do estado de Colorado; no entanto, à noite vai aos bares e boates em que os negros se reuniam. É numa destas noites que conhece a estudante Patrice (Laura Harrier), que tem verdadeira aversão à polícia. Ron omite sua profissão, mas aceita o convite da garota para assistir a uma palestra de um importante militante negro. No entanto, é no departamento policial que ele tem um insight: ao ler um anúncio da KKK no jornal, resolve ligar e começa a travar um contato com a organização. Ao responder as perguntas, ele confessa ter ódio dos negros e, graças ao seu talento como investigador, consegue até marcar um encontro com os demais membros. É aí que entra em ação outro policial, o branco Flip Zimmerman, que se passa por Ron Stallworth.
Mesmo passando por riscos de serem desmascarados, os policiais conseguem enganar o grupo racista e obtêm informações preciosas sobre a organização, inclusive sobre futuros ataques e crimes de ódio planejados pela KKK. Uma das sequências mais emocionantes do filme é quando o diretor intercala cenas dos supremacistas brancos reunidos numa celebração com uma palestra de um negro ancião que relata o episódio covarde do assassinato de um negro em praça pública.
O tom de denúncia do filme de Spike Lee contra atos de violência e discriminação racial nos Estados Unidos ganha ainda mais força com o final da projeção. Depois da história de Ron Stallworth ocorrida nos anos 1970, o diretor introduz reportagens recentes, tanto de agressões e crimes cometidos por policiais contra negros como manifestações da população em defesa dos negros e a repressão policial e os atos de violência de grupos supremacistas. Tudo permeado com pronunciamentos um tanto hipócritas do presidente Trump. Um horror! Que esta onda conservadora que atinge o mundo, inclusive o Brasil, não provoque ainda mais discriminação e crimes raciais e contra as minorias (lgbtqfobia). Amém!
Fotos: divulgação
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