O chão sob meus pés: filme austríaco denuncia machismo nas corporações

De em outubro 8, 2020

Valerie Pachner vive Lola, que luta para sobreviver no ambiente profissional competitivo

A produção da diretora austríaca Marie Kreutzer, O chão sob meus pés, percorreu vários festivais de cinema pelo mundo, incluindo a indicação ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, e quando iria estrear no Brasil foi decretado o fechamento dos cinemas em razão da pandemia da Covid-19. Sete meses depois finalmente o filme estreia no país, mas somente no streaming (Now e Vivo Play).

Com roteiro da própria diretora, o filme mostra o cotidiano de Lola, interpretada por Valerie Pachner, uma bem-sucedida consultora de negócios que tem de conciliar sua vida particular — é responsável por sua irmã mais velha que sofre de problemas mentais — com a vida profissional, num ambiente competitivo, eminentemente masculino, machista e cruel.

 

 

Lola e Conny (Pia Hierzegger), que sofre de problemas mentais

 

O filme começa com o despertar de Lola e o início de sua atribulada rotina: os exercícios físicos pela manhã e a preparação para o trabalho que invariavelmente requer viagens para atender aos clientes da  sua empresa de consultoria de negócios. Aos poucos o espectador percebe que Lola é o que se chama de workaholic, viciada por trabalho; no entanto, este excesso de atividade profissional pode estar escondendo suas limitações emocionais e a dificuldade de enfrentar os próprios dramas interiores. Ela é a responsável legal de sua irmã mais velha, Conny (Pia Hierzegger), que sofre de problemas mentais e está internada numa clínica por ter tentado o suicídio. Lola também mantém um secreto relacionamento amoroso com Elise (Mavie Hörbiger), a poderosa chefe da empresa.

 

 

 

 

Na difícil missão de conciliar a vida profissional com a particular (as inúmeras viagens e os insistentes telefonemas da irmã que exige sua presença), Lola começa a se desestruturar emocionalmente. Entretanto, o que mais a atinge é a forma desrespeitosa, cruel e machista com que é tratada no meio profissional, tanto por parte dos clientes (com propostas de assédio) como por parte da própria equipe formada praticamente por homens. Nem mesmo Elise, com quem ela divide a cama, poupa Lola de atitudes machistas e desrespeitosas: depois de meses à frente de um grande negócio de consultoria, Lola é preterida a assumir um cargo de responsabilidade na Austrália; Elise escolhe um homem, colega da equipe liderada por Lola, a assumir o posto.

 

 

 

Elise (Mavie Hörbiger) e Lola mantêm secreto caso amoroso


O chão sob meus pés
não é somente um filme que denuncia o machismo; o inusitado desta produção (escrita e dirigida por mulher e o protagonismo defendido por personagens femininos) é que o machismo é dissecado em minúcias — a cena em que Lola segue o companheiro da equipe até o banheiro e ele diz por que foi o escolhido, é impactante e ao mesmo tempo desanimador. Parece impossível vencer este machismo estrutural. Grande interpretação de Valerie Pachner, premiada em váiros festivais.  Não perca: exibição somente no streaming (Now e Vivo Play).

 

 

 

 

Fotos: divulgação


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