De Maurício Mellone em junho 24, 2014
Com bom humor e uma trama que intercala diversos momentos da confusa trajetória do protagonista, o diretor francês Cédric Klapisch envolve o espectador desde as primeiras cenas de O Enigma Chinês (Casse-tête Chinois), filme que acaba de estrear e fecha o círculo dos personagens centrais da trilogia, que começou com Albergue Espanhol/2002 e depois com Bonecas Russas/2005. Se nos primeiros filmes Klapisch mostrava Xavier (Romain Duris) e sua turma nos arroubos da juventude, desta vez os temas são da vida adulta destes personagens; mas nem por isso o diretor abandona o tom engraçado e divertido.
O filme começa com Xavier, hoje um escritor já com algum sucesso na França, vivendo um momento de bloqueio criativo, ao mesmo tempo em que é surpreendido pela mulher: Wendy (Kelly Reilly) diz que se apaixonou por um norte-americano e vai morar com ele em Nova York; e pior, vai levar os dois filhos do casal. Xavier a princípio aceita a mudança da família, mas não consegue viver longe dos filhos e também se muda para Nova York, onde procura ajuda de sua amiga lésbica Isabelle (Cécile De France), que mora com a namorada Ju, que, por sua vez, o ajuda a alugar um apartamento em Chinatown. Para aumentar a confusão, Xavier aceita doar seu esperma para que elas tenham um filho.
No processo de adaptação à nova vida, o escritor descola empregos informais e resolve se casar com uma americana só para obter o green card e regularizar sua situação no país. Neste meio tempo, Xavier recebe a visita de sua antiga namorada, Martine (Audrey Tautou) e eles descobrem que o amor não acabou entre eles. No vai e vem da trama, o escritor sempre se comunica com seu editor francês (Dominique Besnehard), que às vezes o aconselha e em outras vezes cobra o original da nova obra.
Além de cenas engraçadas em razão das trapalhadas da vida do protagonista, O Enigma Chinês chamou minha atenção pela crítica sutil ao modo de vida americano — o olhar estrangeiro de Xavier sobre a sociedade norte-americana e a cidade de Nova York é revelador e faz com que o público brasileiro se identifique com ele. As divagações de Xavier com os filósofos alemães Hegel e Schopenhauer também são hilárias!
Trama leve, divertida, extremamente inteligente e atual. Imperdível!
Fotos: divulgação
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