De Maurício Mellone em maio 8, 2018
Impossível não se emocionar ao assistir o documentário Pagliacci. Mais do que uma homenagem à arte circense e à função central do palhaço, que é a de nos proporcionar o riso, o filme parte dos 20 anos da companhia La Mínima para também reverenciar o trabalho uníssono nos palcos e picadeiros de Fernando Sampaio e do saudoso Domingos Montagner, falecido precocemente em 2016, aos 54 anos.
Com argumento de Luiz Villaça, que divide a direção com Chico Gomes, Júlio Hey, Pedro Moscalcoff e Luiza Villaça, o documentário mostra os bastidores do grupo nos ensaios do espetáculo Pagliacci, traz imagens de arquivo de números da dupla de palhaços formada por Domingos e Fernando e depoimentos de Luciana Lima (viúva do ator), de outros palhaços, como o veterano Roger Avanzi/palhaço Picolino, e a interpretação emocionada de Montagner de um poema para um programa da Globo News.
O filme começa com um prólogo de Fernando Paz pelas ruas de São Paulo discorrendo sobre a profissão de palhaço e em seguida a câmera acompanha o cotidiano de Fernando Sampaio, desde o seu café da manhã, a ida para comprar seu instrumento, a trompa, e a chegada aos ensaios do Grupo La Mínima. O espectador tem a chance de conhecer os bastidores da companhia, como os números são concebidos e os exaustivos ensaios até o resultado final, nos palcos e picadeiros; tudo com a participação de Alexandre Roit, Filipe Bregantim, Keila Bueno, Carla Candiotto e Chico Pelúcio. A este cotidiano do grupo, são intercalados os depoimentos sobre a arte circense, o papel fundamental do palhaço no circo e na vida das pessoas e a relação de amor criada entre Montagner e Sampaio, além das imagens das apresentações, com a reação do público.
O conceito dos tipos clássicos do universo do palhaço também é explicitado no filme: o Branco (personagem elegante, altivo, correto), que se contrapõe ao Augusto, o palhaço irreverente, ingênuo e desajeitado. Uma participação especial no documentário é a de Roger Avanzi, que fala do prazer em ter dado aulas para Montagner e Sampaio na década de 1980, no Circo Escola Picadeiro — a despedida de Sampaio na casa do veterano palhaço é tocante! Dos números circenses, relembrados no filme, de Duma e Fer (como carinhosamente eles se chamavam), destaque para o das bailarinas, do espetáculo A noite dos palhaços mudos, que rendeu em 2008 o prêmio Shell de melhor ator à dupla.
O filme termina com depoimentos mais filosóficos sobre a importância do riso na vida de cada um de nós e com a interpretação de Domingos Montagner para o poema de Luiz Gustavo, Eu sou de circo, que pode ser conferido abaixo.
Fotos: divulgação
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