Peça: Quarança, foto 1

Quarança: fábula sobre a rebeldia contra a opressão às mulheres

De em abril 18, 2017

Peça: Quarança, foto 1

Atrizes praticam o peculiar ritual funerário: as vítimas são quaradas ao sol

Num momento histórico em que a sociedade não consegue mais conviver com atitudes de opressão, intolerância e preconceito, Quarança, novo espetáculo de A Próxima Companhia — em pareceria com a Unaluna- Pesquisa e Criação em Arte — chega para unir forças. Tendo no elenco Juliana Oliveira, Lívia Lisbôa e Paula Praia, a peça, em cartaz no Espaço Cultural A Próxima Companhia, é uma fábula que se passa no árido e esturricado lugarejo de Alereda, sitiado por jagunços sanguinários que, sob as ordens do temido Sô Déo, não perdoam e matam, uma a uma, as mulheres do lugar. Num peculiar ritual funerário, as vítimas são quaradas ao sol.
É justamente neste contexto macabro que emerge a jovem Rosa Ararim, que para honrar a fibra de sua avó e vingar a morte da mãe e das conterrâneas, se rebela e enfrenta a ira dos opressores.

Peça: Quarança, foto 2

Paula Praia, assim como as outras atrizes, se reveza nos papéis

No cenário rústico de Marco Lima, que representa o povoado, as atrizes vão   manipulando os elementos cênicos (lençóis, bonecos de pano e velas) para criar as situações da saga de Rosa Ararim, personagem inspirada nas atitudes de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, esposa do famoso escritor brasileiro e que, como secretária do consulado do Brasil na Alemanha nazista, salvou  centenas de judeus ao conceder-lhes visto para viverem no Brasil.

“Durante a pesquisa e criação do espetáculo, Aracy tornou-se nosso mito-guia, seu senso de liberdade e justiça a acompanhou durante toda a vida; quando questionavam o motivo pelo qual tomou determinadas atitudes (heroicas), ela respondia ‘porque era o justo’. Isto nos inspira a lutar, assim como Rosa Ararim, por um mundo mais justo, onde as mulheres possam ter o direito de existir plenamente”, exclamam as três atrizes no programa da peça.

Com os espectadores bem próximos do espaço cênico (alguns inclusive nas duas laterais do palco), o envolvimento e identificação com a trama são inevitáveis — ao entrar todos recebem velas, que são acesas para o último ritual. Outro diferencial da montagem é que as três atrizes se revezam nos papéis, tanto no da protagonista, como no da avó de Rosa e nas demais mulheres do lugarejo.
É nítida a entrega de toda a companhia no processo criativo do espetáculo e Juliana, Lívia e Paula estão em perfeita sintonia em cena. Destaque ainda para o figurino (também assinado por Marco Lima) e iluminação de Ari Nagô.

Peça: Quarança, foto 3

Lívia Lisbôa foi convidada a participar do processo criativo

Roteiro:
Quarança. Dramaturgia, direção: Luciana Lyra. Atrizes-criadoras: Juliana Oliveira, Lívia Lisbôa e Paula Praia. Direção musical: Alessandra Leão. Cenário e figurinos: Marco Lima. Iluminação: Ari Nagô. Preparação corporal: Gabriel Küster. Design gráfico: Rafael Victor. Fotografia: Adriana Nogueira. Realização: A Próxima Companhia e Unaluna – Pesquisa e Criação em Arte.
Serviço:
Espaço Cultural a Próxima Cia (60 lugares), Rua Barão de Campinas, 529. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 21 de maio.


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