Michel Bouquet interpreta o pintor Pierre-Auguste Renoir, mestre do impressionismo francês

Por mais que o título do filme possa sugerir uma cinebiografia de um dos mestres do Impressionismo francês, Renoir, do diretor Gilles Bourdos, é um recorte na vida de Pierre-Auguste Renoir. Mas precisamente os últimos anos da vida do pintor — interpretado por Michel Bouquet — , quando já estava doente (sofrendo de artrite reumatoide), abatido em função da morte da esposa e preocupado com filho Jean (vivido por Vincent Rottiers), ferido em campo de batalha, na Primeira Grande Guerra (1914/18). No entanto, o artista ganha novo vigor com a chegada da bela e jovem Andrée Heuschiling (Christa Theret), que vem para posar para ele.

Christa Theret dá vida a Andrée Heuschiling, que posou para o pintor

O filme começa exatamente com Andrée chegando à belíssima região de Côte d’Azur/Reviera Francesa, na propriedade de Renoir. Ao chegar, ela fica sabendo que a esposa de Renoir, que a contratara para ser a nova modelo do artista, havia morrido. O pintor se encanta com a jovem, a contrata e começa nova série com as poses da moça; neste mesmo período, Jean volta para se recuperar depois de ter sido ferido na guerra. Além de auxiliar o pai (ajudava a manipular as tintas e passa a ter mais contato com o mundo das imagens), Jean se apaixona por Andrée. A jovem sonha em se tornar atriz de cinema e ambos tornam-se cúmplices neste projeto.
Um dos trunfos do filme, que tem roteiro assinado pelo diretor em parceria com Michel Spinosa e Jérôme Tonnerre, é mostrar o ambiente de trabalho de Renoir, a bela região da Reviera Francesa, e o seu processo de criação. Mesmo com dores nas mãos e com dificuldade de locomoção, Pierre-Auguste fazia questão de pintar ao ar livre, com suas modelos interagindo com a natureza (exemplo disto é a série As grandes banhistas), o que o diretor do filme enfatiza.

Renoir incentiva o romance do filho Jean (Vincent Rottiers) com a bela Andrée

No roteiro, o romance de Andrée e Jean — e os consequentes conflitos — passa a mover o filme, deixando o pintor em segundo plano. Entretanto, o mais importante de Renoir é trazer à tona o ambiente, a fonte de inspiração e o modo como o grande mestre da pintura vivia exatamente a quatro anos de sua morte. No final, o espectador fica sabendo que depois da guerra Jean e Andrée se casam e realizam o sonho do casal: ela, com o pseudônimo de Catherine Hessling, protagonizou os primeiros filmes de Jean Renoir, que nos anos 30 dirigiu grandes e bem-sucedidas produções, como A Grande Ilusão e A Regra do Jogo.

Fotos: divulgação